Política
Justiça tenta há um ano notificar Frederick Wassef em processo por injúria racial e racismo
Advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro se tornou réu após ser denunciado pelo Ministério Público por chamar de "macaca" uma atendente de uma pizzaria em Brasília; ele nega
A Justiça do Distrito Federal tenta há um ano, sem sucesso, notificar o advogado Frederick Wassef, que defende o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele é réu em um processo de injúria racial e racismo e foi denunciado pelo Ministério Público por chamar de "macaca" uma funcionária de uma pizzaria em Brasília. Ele nega a acusação. Oficiais de justiça alegam que o criminalista se “esquiva” de receber as notificações.
O episódio foi registrado em 8 de novembro de 2020, em uma pizzaria em um bairro nobre de Brasília. A atendente Danielle da Cruz de Oliveira, então com 18 anos, disse à polícia que foi chamada de "macaca" após Wassef reclamar que a pizza "não estava boa". Segundo a jovem, o advogado disse: "Você é uma macaca! Você come o que te derem."
Após apurar o caso, a Polícia Civil concluiu que Wassef praticou os crimes de injúria racial e racismo. O Ministério Público do Distrito Federal concordou com os fatos apurados e denunciou o advogado, que virou réu em fevereiro do ano passado.
No dia 31 de agosto do ano passado, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios expediu uma carta precatória determinando a citação de Wassef em três de seus endereços no estado de São Paulo.
Os oficiais de justiça, no entanto, não localizaram o advogado e têm reiterado que Wassef "esquiva-se das tentativas de citação”. Com isso, o processo está paralisado.
Relatos de testemunhas
Em depoimentos prestados à Polícia Civil do DF, funcionários da pizzaria detalharam o comportamento de Frederick Wassef. Segundo os relatos, o advogado costumava destratar outros profissionais do estabelecimento.
O gerente da pizzaria disse que Wassef era cliente assíduo e, “costumeiramente, comporta-se de maneira deselegante com os funcionários do estabelecimento, reclamando do atendimento e da qualidade da pizza, utilizando palavras de baixo calão”. A testemunha confirmou ainda o relato de injúria racial.
Outra funcionária da pizzaria contou à polícia outro episódio que teria ocorrido em outubro. Segundo ela, Wassef teria jogado a caixa de uma pizza no chão e dito para ela pegá-la. A funcionário relatou que se sentiu "muito humilhada", mas que pegou a caixa. Depois, segundo ela, comunicou à gerência que não atenderia mais o advogado.
Procurado, Wassef não se manifestou. Em outras ocasiões, quando procurado pelo GLOBO, o advogado disse que a funcionária mentiu e que ele é vítima de "denunciação caluniosa que foi organizada sob orientação de terceiros, visando futura ação indenizatória para ganhar dinheiro, através desta fraude arquitetada".
Na denúncia apresentada à Justiça, o MPDFT afirmou que "o comportamento do denunciado reproduz a perversa divisão dos seres humanos em raças, superiores ou inferiores, resultante da crença de que existem raças ou tipos humanos superiores e inferiores".
Já o juiz do caso, Omar Dantas Lima, destacou, ao aceitar a acusação, que havia na denúncia “prova da materialidade e dos indícios de autoria que recaem sobre o denunciado”.
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