Política

Invasões do MST em oito meses do governo Lula superam toda a gestão de Bolsonaro

Levantamento da CNA mostra que 61 territórios foram ocupados no primeiro semestre, contra 62 entre 2019 e 2022. Outras ocupações foram registradas em julho e agosto, superando a marca

Agência O Globo - GLOBO 30/08/2023
Invasões do MST em oito meses do governo Lula superam toda a gestão de Bolsonaro
Foto: Tarci´sio Nascimento/MST-RJ

O número de territórios invadidos pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terras (MST) nos primeiros sete meses do novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já supera a soma dos quatro anos da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Levantamento feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostra que, entre janeiro e junho deste ano, foram 61 ocupações, contra 62 entre 2019 e 2022. Em julho, O GLOBO mostrou que o movimento retomou a rotina de invasões, superando a marca da gestão Bolsonaro.

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A informação referente ao número de invasões também foi apresentada à CPI do MST, que está na reta final das discussões. Os dados reunidos constam no Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. O relatório final da comissão deve ser lido pelo relator, o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), no dia 4 de setembro.

De acordo com o relatório, foram contabilizadas, neste ano, invasões em propriedades rurais públicas ou privadas na Bahia (18), em Goiás (3), em Minas Gerais (2), no Mato Grosso do Sul (5), no Pará (3), no Paraná (1), em São Paulo (12), no Tocantins (3), em Pernambuco (13) e no Espírito Santo (1). Além disso, desde julho, O GLOBO mapeou pelo menos cinco invasões nos estados de Pernambuco, Goiás e Bahia.

Na última semana, um terreno de 75 hectares pertencente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foi ocupado em Brazlândia, no Distrito Federal. No final de julho, o MST invadiu território que pertence à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), como forma de impedir o Semiárido Show. No mesmo dia, cerca de 60 famílias foram ameaçadas por fazendeiros que chegaram armados em um acampamento montado pelo MST em Itiruçu (BA). Poucos dias antes desse movimento, invadiram terrenos em Caruaru (PE) e em Hidrolândia (GO).

Em contrapartida, o levantamento da CNA mostra que, durante o governo Bolsonaro, foram 62 ocupações — 11 em 2019, 11 em 2020, 17 em 2021 e 23 em 2022.

O crescimento no número de ocupações durante a gestão Lula é associado, segundo integrantes do MST, a uma maior tentativa de firmar negociações com o governo federal, através do Incra, para retomar políticas de reforma agrária iniciadas nas primeiras gestões do petista.

“A expectativa dos movimentos é que o governo Lula, através do Incra, recupere as políticas de Reforma Agrária e agricultura familiar no campo e na cidade, que são um instrumento fundamental não só para o combate à fome no nosso estado e no nosso país, como para a produção de alimentos saudáveis para o povo. Chega de comida com veneno”, defendeu a deputada estadual Marina do MST, em abril.