Política
Transferência de empresa e 'testa de ferro': entenda por que Jair Renan foi alvo de operação da Polícia Civil do DF
Além do filho ‘zero quatro’ de Jair Bolsonaro, investigação mira três pessoas que teriam se associado para obter vantagens financeiras
A Polícia Civil do Distrito Federal investiga a mudança de propriedade de uma empresa de Jair Renan, o filho “zero quatro” do ex-presidente Jair Bolsonaro, para um empresário de Brasília. Em março deste ano, a empresa Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, aberta em 2020, deixou de ser de Jair Renan e passou para Marcos Aurélio Rodrigues dos Santos, dono de um clube de tiro no Distrito Federal. Hoje, a empresa consta como encerrada no cadastro da Receita Federal.
A mudança de propriedade da empresa é um dos fatos investigados pela Polícia Civil em relação a Jair Renan. A apuração, feita pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária, atinge outras três pessoas, além do filho do ex-presidente.
O grupo é suspeito de formar uma associação criminosa para obter vantagens financeiras a partir da inserção de informações falsas em documentos que eram utilizados para fins diversos, como abrir contas, conseguir empréstimos e sonegar impostos.
Na manhã desta quinta, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, autorizados pela 5ª Vara Criminal do Distrito Federal, em dois endereços do filho de Bolsonaro, em Brasília e em Santa Catarina. Foram apreendidos celular, HD e documentos, que seguiram para perícia.
O advogado de Jair Renan, Admar Gonzaga, afirmou em nota que “não obteve acesso aos autos da investigação ou informações sobre os fundamentos da decisão” que autorizou a busca e apreensão. “Renan informou estar surpreso, mas absolutamente tranquilo com o ocorrido”, completou o defensor.
No caso da Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, a suspeita é que a firma tenha sido passada para o nome de um “testa de ferro” — expressão usada pela polícia quando aquele que “empresta” seu nome tem conhecimento das irregularidades. Em tese, segundo as apurações, Jair Renan pode ter cometido os crimes de falsidade ideológica, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Rodrigues dos Santos, para quem a empresa foi repassada, também foi alvo de busca e apreensão nesta manhã. Em maio, o antigo advogado dele afirmou à revista Veja que a transferência de sociedade da empresa havia sido uma “doação” e que “não houve compra e venda”.
O advogado atual de Rodrigues dos Santos, Pedrinho Villard, confirma a versão. Ele diz que “a empresa foi recebida de forma legal e na época da transferência não havia faturamento”. “O Renan desde a doação se tornou assessor comissionado (em Santa Catarina), o que não permite a existência de empresas em nome próprio. O Marcos Aurélio tem conduta ilibada, inclusive é instrutor de tiro com todas as licenças regulares, e recebeu com estranheza a denúncia em seu nome”, disse o advogado.
Outro alvo da operação de hoje, o instrutor de tiro Maciel Carvalho, é apontado pela investigação como o cabeça do grupo. Ele já havia entrado na mira de outras duas operações policiais neste ano e voltou a ser preso nesta quinta-feira. Assim como Jair Renan, Carvalho também transferiu a propriedade de uma empresa sua para Rodrigues dos Santos, de acordo com as investigações.
A defesa de Carvalho, também representada pelo advogado Pedrinho Villard, informou que as mesmas suspeitas contra o instrutor de tiro já foram investigadas anteriormente e são "descabidas". "No momento oportuno, será demonstrado que são improcedentes", afirmou.
O quarto alvo do inquérito é Eduardo Alves, que também teve prisão decretada, mas está foragido. Ele já era suspeito de ter cometido um homicídio em Planaltina, uma região administrativa do Distrito Federal.
Segundo a investigação, Alves se passava por uma “pessoa” inventada pelo grupo, batizada de Antonio Amancio Alves Mandarrari, “cuja identidade falsa foi usada para abertura de conta bancária e para figurar como proprietário de pessoas jurídicas na condição de ‘laranja’”. O advogado de Eduardo Alves não foi localizado.
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