Política
Em oito dias, seis parlamentares de quatro estados denunciam ameaças de 'estupro corretivo' como 'cura lésbica'
Três vereadoras, duas deputadas estaduais e uma federal receberam mensagens via e-mail corporativo; os casos ocorreram são investigados pela Polícia Civil
Entre o dia 14 e esta terça-feira, seis parlamentares mulheres que se identificam como parte da comunidade LGBTQIA+ denunciaram o recebimento de e-mails com ameaças de morte e "estupro corretivo". As mensagens de teor violento e similares foram enviadas para a deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS), para as estaduais Rosa Amorim (PT-PE) e Bella Gonçalves (PSOL-MG) e para as vereadoras do PSOL Iza Lourença (MG), Mônica Benício (RJ) e Cida Falabella (MG). A Polícia Civil investiga os casos.
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O primeiro e-mail foi enviado a Bella Gonçalves no dia 8. Nesta primeira mensagem, o autor teria pedido para que ela renunciasse seu mandato e teria escrito: "Seremos breves: você é lésbica e por isso sua presença não será mais tolerada".
Na ocasião, a parlamentar havia optado por não divulgar as ameaças. A realidade mudou, no entanto, quando, junto a Iza Lourença e Cida Gonçalves, recebeu a segunda ameaça que citava o "estupro corretivo" como uma "terapia cognitiva para curar a lesbianidade". O autor afirmava que iria até as residências das psolistas para testar a "prática".
Nesta mesma noite, a deputada federal Daiana Santos também recebeu mensagem parecida, mas que tomou conhecimento apenas nesta semana, quando prestou queixa à Polícia.
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No dia seguinte, 15, a deputada estadual pernambucana Rosa Amorim recebeu e-mail similar. Na mensagem, o autor afirmava que sabia o seu endereço.
Já para Monica Benício, o autor se disse "doutor em Psicologia pela Universidade de Harvard" e afirmou: "Isso não é violência, é o que chamamos Estupro Corretivo Terapêutico, uma terapia de eficácia comprovada que cura o homossexualismo (sic) feminino porque ser sapatão é ser uma aberração".
Após a denúncia pública, entre a última sexta-feira e esta segunda-feira, Iza Lourença recebeu novas ameaças. Desta vez com dados pessoais.
— Teve um e-mail específico sobre minha filha, descrevendo crime de estupro e assassinato. É um grupo que pesquisou sobre as nossas vidas, sabe nossos dados pessoais. Essa ameaça personalizada mexe muito mais — disse Iza Lourença ao GLOBO.
Já para Bella Gonçalves, as ameaças tem como intuito paralisar a atividade parlamentar:
— Eles questionam justamente o lugar das mulheres na política. Fui a primeira vereadora lésbica e sou a primeira deputada lésbica. Isso tudo atrapalha o nosso trabalho, obstrui. Estava recolhendo assinaturas para uma CPI do Transporte e agora preciso repudiar a violência — afirma a deputada.
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