A eleição ainda dista 12 meses para o seu enlace, mas as tratativas para a escolha dos candidatos estão à pique. Sabe-se que num passado remoto, essa “escalação política” se dava com antecedência – com até mais de um ano do pleito, porque muitas das vezes era necessário apresentar o candidato ungido dos grupos políticos, um rosto desconhecido da sociedade.

Hoje com o advento da internet, não há mais essa necessidade de escolhas a tão longo prazo das convenções, pois a comunicação é célere e qualquer desconhecido pode vir a tornar-se um “amigo íntimo” do eleitor, a exemplo de Paulo Dantas, que era popular na região do médio sertão, mas um ilustre desconhecido em outras regiões do Estado e foi eleito governador de Alagoas.

Em Palmeira dos Índios, uma forçação de barra é visível até pelos leigos em ciência política. Todos querem o aval do governador Paulo Dantas para a aventura eleitoral de 2024.

Contudo, sabe-se que o histórico eleitoral de Palmeira dos Índios não abriga esse diferencial para ser vitorioso numa campanha. Em muitos pleitos, o candidato foi escolhido à revelia do apoio dos governadores de então.

Sabe-se também que nenhum prefeito na história palmeirense elegeu seu sucessor.

Puxa daqui, puxa dali

Ontem (18), enquanto o prefeito-imperador esperava o governador para inaugurar obras do Estado em Palmeira dos Índios, Paulo Dantas estava reunido com sua cúpula política e entre eles, a advogado Adeilson Bezerra, pretenso candidato a prefeito de Palmeira dos Índios.

Estavam presentes em Palácio, além do anfitrião Paulo Dantas, o senador Renan Calheiros, o ministro Renan Filho, o deputado José Wanderley e o presidente da Assembleia Marcelo Victor. 

A publicação de Adeilson Bezerra foi emblemática: "Hoje o dia foi mais que proveitoso no Palácio com os amigos e aliados governador, @paulodantasalagoas, o Senador @renancalheiros , o ministro dos transportes, @renanfilho, o presidente da assembleia, @deputadomarcelovictor e o deputado estadual, @dr_wanderley.Tarde mais que agradável, muita conversa boa e muitos projetos para Alagoas. Estamos no caminho certo e o amanhã será de mais prosperidade. Estamos juntos!"

Bezerra tenta construir sua candidatura em Palmeira dos Índios com grupos políticos locais e consegue transitar tanto na situação como na oposição.

O único que parece não engolir Adeilson (que tem a simpatia de todos no Palácio e até dos senadores Renan pai e Filho) é o prefeito-imperador.

O evento com inaugurações que estava marcado para às 15:30h - mesmo com a comunidade local tendo que esperar só aconteceu à noite - e ocorreu sem a presença de Dantas.

A ansiedade no "Palácio do Imperador" em Palmeira de Fora era grande, na expectativa da chegada do governador, que só pode comparecer na cidade por volta de 22 horas. Era crucial para o prefeito-imperador a presença e uma declaração de apoio, afinal há poucos meses havia soltado farpas contra o governante com ciumeira política.

Com a chegada de Dantas, os afagos costumeiros e o 'cerca-lourenço' iniciou. Já passava de 23h e na euforia da festa, o governador foi ‘constrangido’ a dar uma declaração de que apoiaria “qualquer” candidato do prefeito-imperador.

“Tebei!”: Celulares em punho, gravação realizada, a turma do império, a mando do chefe jogou com força nas redes sociais.

Mas nada que outra declaração não desdiga, explique, complemente ou quem sabe reforce a frase de ontem. Afinal, tudo pode ficar como naquele bordão, o “dito pelo não dito”, pois palavra de rei, nem o imperador palmeirense tem, o que é público e notório.

E política é como nuvem...

Inabilidade

A rejeição do imperador à Adeilson não finda apenas em seu nome. É extensiva aos demais que fazem parte de seu grupo, pela falta de confiança, quer seja vice, vereadores(as) ou agregados políticos. O que se sabe é que todos que estão em seu derredor come o juízo de Cezar, que até à sombra pergunta: “até tu, Brutus?”

Adeilson na eleição passada cedeu a legenda que presidia para a esposa do prefeito-imperador disputar um mandato de deputada-estadual, mas nem isso lhe valeu a simpatia do imperador. Detalhe: a “imperatriz” foi derrotada por insuficiência de votos mesmo. A legenda dava condições de sucesso.

Dos nomes que estão postos, do “time do imperador”, apenas seu assessor direto Lucas Tavares, teria essa possibilidade com a cega fidúcia do chefe, ou o empresário Marcel Ribeiro, que teve o nome ventilado nos bastidores, mas que dificilmente, por ser inteligente que é, irá se deixar morder pela mosca azul.

Turma de baixo

A pesquisa FALPE de julho retrata bem a disputa. Os pretensos nomes que compõem o 'império de César" e querem disputar a eleição, não passam de 5%.

Nenhum demonstrou força nas pesquisas.

Mesmo com toda a aprovação do governo municipal, maquiada pelo inchaço na máquina pública de contratados e prestadores de serviços e obras realizadas com recursos oriundos da venda da CASAL, o prefeito-imperador não consegue transferir sua aceitação para os nomes de seu entorno.

Por isso, qual candidato o prefeito-imperador teria para disputar a eleição? O governador que trabalha com pesquisas iria apoiar um “poca-urna”? Um candidato com tão pouca popularidade?

O vice-prefeito Márcio Henrique – que apareceu do mergulho profundo nos últimos dias, eleitor de Bolsonaro e Rodrigo Cunha, dificilmente terá apoio do Palácio, quando se sabe que essa ligação ainda permanece, após a publicação do escândalo no Jornal A Notícia (leia aqui) em que um de seus primos aparece como funcionário-fantasma na prefeitura de Maceió indicado pelo senador arapiraquense. 

Márcio, que é médico - foi derrotado nas urnas de 2022, ficando em terceiro lugar na cidade para a Câmara Federal, perdendo para o forasteiro Marx Beltrão e para a enfermeira Mosabelle Ribeiro.

Já os vereadores que se insinuam entrar na disputa apenas pontuam na pesquisa com um traço, podendo somar como vices. Dentre os secretários, inclusive a do PT, todos eles também minguam nos resultados pesquisados.

Ou seja, o prefeito-imperador terá uma difícil missão pela frente, em sua tentativa obcecada de manter o reinado, que está prestes a findar.

Outra situação é que começa a pipocar nos órgãos de controle, inclusive acionado pelos próprios vereadores denúncias de falta de transparência e malversação de recursos públicos no município.

Como diz, um prócer político da capital: “É luta, nego!” 

É é luta mesmo. Pura verdade! E com muita água rolando debaixo da ponte.

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