Política

PGR vê indícios de corrupção contra coronel da PM preso por omissão no 8 de janeiro

Jorge Naime teria desviado recursos de associação e fez transporte para empresário de R$ 1 milhão em dinheiro vivo

Agência O Globo - GLOBO 18/08/2023
PGR vê indícios de corrupção contra coronel da PM preso por omissão no 8 de janeiro
PGR - Foto: José Cruz/Agência Brasil

A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que há indícios de corrupção contra o coronel Jorge Eduardo Naime, que está preso por suposta omissão em relação aos atos golpistas do dia 8 de janeiro. A suspeita é de que Naime tenha desviado recursos da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal, que foi presidida por ele.

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As informações constam na denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra Naime e outros seis integrantes do comando da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF). Como não há relação com os atos golpistas, a PGR solicitou que esses indícios de corrupção sejam investigados na primeira instância.

Um relatório feito pela PGR afirma que, em junho de 2021, Naime "promoveu o transporte" de R$ 1 milhão em espécie, entre São Paulo e Brasília, em favor de um empresário. Além disso, há indícios de que ele teria usado a "estrutura" da PM-DF para realizar esse transporte.

"A movimentação de vultuosos valores em espécie, sem declaração correspondente e de forma não oficial, tem por propósito burlar os mecanismos de monitoramento", ressalta a PGR.

O órgão também aponta que, em 2022, a Associação de Oficiais da PM-DF fechou um contrato com uma empresa do mesmo empresário, para a realização de serviços de "assessoria e marketing". O valor mensal do contrato era de R$ 8,9 mil. Entretanto, na semana seguinte à assinatura do contrato, o empresário passa a pagar a fazer pagamentos mensais de R$ 8 mil a Naime.

"Naime, aparentemente, utilizava-se da posição de presidente da Associação para desviar os recursos angariados pela entidade por meio da contribuição de seus próprios pares", escreve a PGR. Também há a suspeita de que esses pagamentos seria uma retribuição aos "serviços" prestador pelo coronel a Assis, como o transporte de dinheiro.

A defesa de Naime negou que tenha ocorrido omissão no 8 de janeiro e disse confiar na inocência dela. Em relação à suspeita de corrupção, afirmou que não há posicionamento no momento.