Política
Comandantes da PM-DF trocaram mensagens sobre 'intervenção federal' e 'manutenção de Bolsonaro no poder' após eleição de 2022: veja diálogos
Oficiais foram presos preventivamente em operação deflagrada hoje com base na investigação da PGR
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou os comandantes da Polícia Militar do Distrito Federal de "aderirem a teorias conspiratórias" e disseminarem mensagens com teor golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na denúncia feita ao Supremo Tribunal Federal (STF), a procuradoria elencou uma série de mensagens, vídeos e áudios trocados entre os oficiais durante e depois as eleições do ano passado. Segundo a PGR, isso acabou "gerando um clima social de polarização político-ideológica e de desconfiança nas instituições republicanas".
A investigação da PGR baseou a operação deflagrada nesta sexta-feira contra a cúpula da PM-DF. Entre os presos preventivamente, estão o atual comandante-geral da PM-DF, coronel Klepter Rosa Gonçalves; o ex-comandante coronel Fábio Vieira e outros cinco oficiais que ocupavam cargos de chefia na corporação durante os atos golpistas de 8 de janeiro.
A primeira mensagem destacada pelos investigadores foi enviada por Klepter Gonçalves a Fabio Vieira, em 28 de outubro de 2022 - dois dias antes do segundo turno das eleições.
“Rapaz, vocês tem que entender o seguinte: o Bolsonaro, ele está preparado com o Exército, com as Forças Especi… As Forças Armadas, aí, para fazer a mesma coisa que aconteceu em 64. O povo vai pras rua, que ninguém vai aceitar o Lula ser... Ganhar a Presidência, porque não tem sentido, o povo vai pedir a intervenção e, aí, meu amigo, eles vão nos livrar do comunismo novamente”, diz a transcrição do vídeo.
Após receber o vídeo, Fabio Vieira, à época comandante-geral da PM-DF, compartilhou o conteúdo com o coronel Marcelo Casimiro Rodrigues, então Comandante do 1º Comando de Policiamento Regional, que cuida da área da Esplanada dos Ministérios e Praça dos Três Poderes.
A troca de mensagens com teses golpistas entre os dois oficiais da PM "se intensificou após as eleições", segundo a PGR.
Em 1 de novembro, Casimiro enviou um quadro explicativo que apontava três possibilidades para a sucessão presidencial - "artigo 142"; "intervenção federal" e "intervenção militar". Após enviar a mensagem, ele comentou: "Não se procede esse entendimento, mas é interessante a explicação".
No dia seguinte, em meio ao início do acampamento de bolsonaristas radicais em frente ao Quartel-General do Exército, Jorge Eduardo Barreto Naime, então chefe do Departamento de Operações (DOP) da PMDF, trocou mensagens com outro policial e apontou que os policiais não deveriam prestar apoio ao Exército no local.
Após o policial enviar vídeos do local, demonstrando animação com a quantidade de pessoas presentes, Naime determina a omissão no caso.
"Deixa os melancia (sic) se virar", escreveu.
"Melancia" é um termo utilizado por bolsonaristas para se referir de forma pejorativa a militares que, como a fruta, seriam verdes por fora, em referência à farda, mas vermelhos por dentro, em referência a uma suposta filiação a ideais de esquerda.
Das conversas entre Fabio e Casimiro, o Ministério Público Federal afirmou que se "extraía a conclusão de que os interlocutores trocavam as mensagens por serem adeptos de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais, ansiando por providências que pudessem levar à subversão do resultado das urnas".
"Contaminada ideologicamente, a cúpula da PMDF, especialmente pelos ora denunciados, esperava uma insurgência popular que poderia assegurar a permanência de Jair Messias Bolsonaro na Presidência da República", escreveu o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos.
Ao todo, agentes da PF saíram às ruas para cumprir sete mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão. Os suspeitos foram denunciados por terem se omitido durante as invasões e depredações das sedes dos Três Poderes da República.
A matéria está sendo atualizada
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