Política
Exército afirma que não irá se manifestar sobre declarações de hacker
Em depoimento ao Congresso, Walter Delgatti Netto citou encontros no Ministério da Defesa e papel exercido para 'autenticar' informações de relatórios fraudulentos
O Exército Brasileiro informou na tarde desta quinta-feira que não irá se manifestar sobre as declarações prestadas pelo hacker Walter Delgatti Netto à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
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O hacker afirmou ter ido cinco vezes ao Ministério da Defesa, inclusive conversando com o então ministro da pasta, general Paulo Sérgio, em uma dessas ocasiões. O objetivo, segundo Delgatti, era discutir aspectos técnicos das urnas eletrônicas e de seu código-fonte.
Na ocasião, representantes das Forças Armadas participavam da comissão de fiscalização eleitoral do TSE, destinada a averiguar a segurança do processo eleitoral.
— Tudo que expliquei a eles consta no relatório (com sugestões das Forças Armadas sobre a segurança das urnas) que foi entregue ao TSE. Eu posso dizer que aquele relatório, de forma integral, foi exatamente o que eu disse. Eu apenas não digitei, mas eu que fiz ele porque tudo o que consta nele foi indicado por mim — disse Delgatti.
Durante a sessão, Delgatti também mencionou integrantes da corporação que teriam pedido para que fossem checados dados de relatórios fraudulentos sobre o processo eleitoral, que colocavam em cheque a segurança das urnas eletrônicas.
Aos parlamentares, Delgatti Netto afirmou que mantinha contato com o coronel Marcelo Jesus, que atuava no Alto Comando do Exército.
— Na época havia relatórios de um argentino que fez uma live. Ele me enviava e pedia que eu autenticasse, só que com dados que estavam no TSE, porque o relatório pega o banco de dados. A ideia dele era que eu fosse no relatório, fosse até o site e confirmasse se realmente aquele dado que estava no relatório constava no site do TSE. Então, por diversas vezes eu realizei essa autenticação de relatório a ele — disse Delgatti Netto.
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Ele se referia ao vídeo do canal “La Derecha Diário” no YouTube, com informações falsas sobre as eleições brasileiras, do consultor Fernando Cerimedo, que chegou a ser retirado do ar pelo TSE em novembro do ano passado. Cerimedo é amigo do deputado federal Eduardo Bolsonaro.
Em seguida, o hacker afirmou que Jesus lhe enviava vídeos dele no acampamento na porta do Quartel-General do Exército. "De pessoas rezando, de pessoas chorando. Ele enviava algumas matérias que saíam à época, alguns vídeos", detalhou.
O hacker afirmou ainda aos parlamentares que partiu de Jair Bolsonaro uma recomendação para que se reunisse com integrantes do Ministério da Defesa antes das eleições de 2022.
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De acordo com Delgatti, Bolsonaro orientou um de seus assessores, o coronel Marcelo Câmara -- envolvido também no caso do resgate das joias árabes enviadas ao ex-presidente --, que levasse o hacker ao Ministério da Defesa. Delgatti afirmou à CPI que Bolsonaro insistiu no pedido. A ideia era "explicar aos técnicos" da Defesa o que ambos haviam discutido sobre manipulação das urnas.
— E ele (Bolsonaro) fala: "Olha, eu preciso que você o leve até o Ministério da Defesa". Ele (Câmara) contrariou, disse: "Não, mas lá é complicado". E o Bolsonaro disse: "Não, isso é uma ordem minha. Cumpra" — afirmou Delgatti.
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