Política

Família do ex-presidente silencia sobre ação da PF contra Zambelli, que recebe apoio de bolsonaristas menos ilustres

Agentes cumpriram mandados de busca a apreensão em endereços da deputada, investigada por sua ligação com o hacker Walter Delgatti Netto

Agência O Globo - EXTRA 02/08/2023
Família do ex-presidente silencia sobre ação da PF contra Zambelli, que recebe apoio de bolsonaristas menos ilustres
Clã Bolsonaro - Foto: Reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos — Flávio, Carlos e Eduardo — optaram, até o momento, por não comentar a operação deflagrada nesta quarta-feira pela Polícia Federal contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), investigada por sua relação com o hacker Walter Delgatti Netto. Com o silêncio nas redes sociais do clã e de outros nomes mais influentes dentro do bolsonarismo, restou a Zambelli o apoio de políticos menos conhecidos, como os deputados federais Gustavo Gayer (PL-GO), Caveira (PL-PA) e Sílvia Waiãpi (PL-AP), que a acompanharam em entrevista coletiva na Câmara para comentar o caso.

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Carla Zambelli era vista como uma das principais aliadas de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados durante o período do ex-presidente no Planalto, mas, desde o episódio ocorrido às vésperas do segundo turno de 2022, quando ela sacou uma arma e apontou para um homem à luz do dia no bairro nobre dos Jardins, em São Paulo, a deputada vem sofrendo críticas e está isolada dentro do PL.

Nomes influentes do partido, como o do deputado mais votado na última eleição, Nikolas Ferreira (PL-MG), e de Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição na Câmara, também optaram por não comentar o episódio por ora. O silêncio se estendeu também para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher.

Houve ainda quem tenha comentado a operação sem fazer uma defesa entusiasmada de Zambelli. Foi o caso do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que, mesmo considerando que houve irregularidades na ação policial na residência e no gabinete da deputada, reiterou não concordar com "eventuais erros cometidos por parlamentares do partido".

"Qualquer operação da Polícia Federal determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) deve seguir rigorosamente a Constituição e se fundamentar em indícios reais de irregularidades. Não concordamos com eventuais erros cometidos por parlamentares do partido, mas queremos que lhes sejam garantidos os direitos constitucionais e a presunção de inocência", afirmou em publicação nas suas redes sociais.

O deputado federal Felipe Barro também só noticiou o caso em seu perfil no Facebook, mas sem demonstrar apoio à correligionária.

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Do grupo que saiu em defesa de Zambelli, o deputado Cabo Gilberto (PL-PB) , além de se posicionar ao lado dela na coletiva de imprensa na Câmara dos Deputados, também fez um post nas redes sociais chamando a ação de "perseguição política". Quem também criticou a operação da PF nas redes foi o deputado Gustavo Gayer (PL-S):

"Democracia RELATIVA agindo a todo vapor. Isso é uma completo absurdo!!!", escreveu o parlamentar.

Mudança de postura

A falta de manifestações de apoio da família Bolsonaro destoa de outros episódios em que a parlamentar esteve na berlinda. Quando Zambelli apontou uma arma para um homem no segundo turno das eleições, o senador Flávio Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro saíram em defesa da política nas redes sociais.

"Minha solidariedade à deputada Zambelli pela covarde agressão que sofreu há pouco de um grupo de petistas. É pessoal que é contra o ódio, sabe?! Vamos ver agora quem defende agressão a mulheres e quem defende mulheres de agressores covardes. Cadeia neles", escreveu à época Flávio no Twitter.

Eduardo também publicou sobre o tema das redes e optou por um posicionamento na mesma toada, tratando o caso como "agressão à mulher".