O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, apontou cinco elementos que configuram "indícios robustos" da existência de uma organização criminosa dedicada ao desvio de recursos públicos da cota parlamentar dos deputados federais Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy, ambos do PL do Rio de Janeiro.

De acordo com as investigações, foram identificados sinais de lavagem de dinheiro por meio do fracionamento de saques e depósitos abaixo de R$ 9.999 — prática conhecida como "smurfing". Também há suspeitas de uso da cota parlamentar para custear despesas "inexistentes e irregulares"; conversas no WhatsApp que tratam de pagamentos "por fora"; utilização de possíveis "empresas de fachada"; e movimentações financeiras elevadas sem comprovação da origem dos recursos.

"O pedido da Polícia Federal, amparado em RIFs (relatórios de inteligência financeira) e em diversas conversas extraídas dos celulares dos investigados, revela a existência de indícios robustos, bem como demonstra a imprescindibilidade das medidas requeridas para continuidade da investigação", afirmou Dino em decisão que relata o caso no Supremo.

Os parlamentares e seus assessores foram alvos de mandados de busca e apreensão cumpridos nesta sexta-feira (7) no Rio de Janeiro e em Brasília. Em um endereço ligado a Sóstenes, líder do PL na Câmara, os agentes apreenderam R$ 430 mil em dinheiro vivo.

Nas redes sociais, Carlos Jordy declarou ser alvo de uma "perseguição implacável" e de "pesca probatória". Ao jornal O Globo, ele acrescentou: "Não cabe ao parlamentar fiscalizar a frota ou a estrutura interna da empresa contratada, mas sim contratar o serviço mais eficiente e pelo menor custo, como sempre fiz". Sóstenes foi procurado, mas ainda não se manifestou.