Poder e Governo
Imprensa estrangeira destaca cassação de Eduardo Bolsonaro por faltas e lobby nos EUA
Filho de Jair Bolsonaro afirmou que a decisão ocorreu 'exatamente por ter feito pelo que os eleitores esperam' e ressaltou que o 'que fica é uma medalha de honra'
A cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), declarada pela Mesa da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira, ganhou destaque na imprensa internacional. Veículos estrangeiros ressaltaram que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro perdeu o cargo menos de um mês após o pai começar a cumprir pena de mais de 27 anos de prisão por envolvimento em uma trama golpista. Exilado nos Estados Unidos desde fevereiro, Eduardo ultrapassou o limite de faltas em sessões do Congresso.
"Congresso brasileiro expulsa filho de Bolsonaro que passou meses fazendo lobby em Washington", destacou a Bloomberg, referindo-se à atuação de Eduardo nos EUA junto a políticos estrangeiros para pressionar por sanções contra autoridades brasileiras. A agência enfatizou que, para os parlamentares, ele ficou "ausente por tempo demais após o término de sua licença em junho".
A ABC News classificou a cassação como "mais um golpe contra o líder de extrema-direita" Jair Bolsonaro. O site também noticiou a perda do mandato do ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem, igualmente condenado pela trama golpista e considerado foragido após se mudar com a família para os Estados Unidos.
Segundo agências como EFE e AFP, Eduardo se diz vítima de perseguição política. Ambas citaram a cassação por excesso de faltas enquanto ele atuava nos Estados Unidos em busca de apoio à causa do pai.
"Os esforços de lobby familiar surtiram algum efeito – pelo menos inicialmente", apontou a AFP, mencionando a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros e a inclusão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, na lista de sanções da Lei Magnitsky. Conforme a agência, as tarifas foram em grande parte suspensas e Moraes foi poupado de restrições financeiras neste mês.
A DW reportou que "Eduardo Bolsonaro não comparece ao trabalho desde fevereiro para fazer lobby nos Estados Unidos em favor da liberdade de seu pai". O portal destacou ainda a reação do ex-deputado à cassação.
O ex-parlamentar afirmou que a ida aos Estados Unidos "valeu muito a pena por ter conseguido levar, pela primeira vez, consequências reais" a autoridades brasileiras.
— Cassaram meu mandato exatamente por eu ter feito o que meus eleitores esperam de mim (...) Para mim o que fica é uma medalha de honra. Não é a perda de um mandato. Eu tenho certeza de que essa história ainda não acabou — declarou Eduardo em suas redes sociais.
A decisão foi tomada pela Mesa Diretora da Câmara, por meio de atos administrativos assinados pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e demais integrantes da gestão, sem votação em plenário. A publicação ocorreu em edição extra do Diário da Câmara.
A cassação foi fundamentada no artigo 55 da Constituição, que prevê a perda automática do mandato por ato administrativo caso o parlamentar deixe de comparecer a um terço das sessões deliberativas na mesma sessão legislativa.
Eduardo está fora do país há meses e é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de coação ao Judiciário e articulação de sanções contra autoridades brasileiras, incluindo ministros do STF, nos Estados Unidos.
Com a decisão, o suplente Missionário José Olímpio (PL-SP) assume a vaga na Câmara dos Deputados.
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