Poder e Governo
Corrida no Paraná tem racha sobre Moro e desistência do PT em ter candidatura própria
União diz que ex-juiz vai concorrer ao governo estadual em meio a embate com PP; Requião Filho (PDT) será nome da esquerda
Após o presidente do PP, Ciro Nogueira, afirmar que o partido não apoiará a candidatura de Sergio Moro (União Brasil) ao governo do Paraná no ano que vem, o chefe do União, Antonio Rueda, gravou um vídeo reafirmando que o ex-juiz concorrerá ao cargo. Em vídeo, Rueda e ACM Neto dizem que a postulação do senador é “irreversível”, apesar do veto anunciado pelo Progressistas no estado e das tensões na negociação da federação entre as siglas, o que obriga a estarem juntas em 2026.
Saiba quem é:
Cassado pela Câmara:
No vídeo, Rueda fala diretamente a Moro após uma introdução de ACM Neto.
— Moro, você está preparado (para ser governador). Eu tenho certeza. O Neto fez aqui uma introdução maravilhosa. O governo do Paraná é seu, meu irmão. Escapa do raio, mas não escapa de você. Estamos juntos aqui. Nossa candidatura do Moro é irreversível. Vamos para a frente — diz o presidente do União Brasil.
A gravação ocorre em um momento de forte disputa interna na federação. O impasse sobre a candidatura de Moro tem sido tratado como um dos principais focos de desgaste no processo de formalização da junção da legendas, já enviada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em entrevista recente ao GLOBO, Moro cobrou o cumprimento de um acordo prévio firmado no estado e afirmou que lidera as pesquisas com “certa folga”.
— No Paraná, havia um acordo prévio do PP de que haveria o apoio à minha candidatura. A gente espera que seja cumprido. Eles não têm candidato competitivo para apresentar — disse o senador, ao reagir às declarações de Ciro Nogueira.
Apesar do gesto público de Rueda e ACM Neto no evento partidário, integrantes da cúpula da federação avaliam reservadamente que o cenário segue desfavorável para Moro. Nos bastidores, dirigentes apontam que a resistência do PP no Paraná — liderada pelo deputado Ricardo Barros — tem provocado desfiliações em massa e enfraquecido a estrutura local das siglas, o que alimenta a leitura de que a manutenção da candidatura pode ter alto custo político.
Ainda assim, o vídeo gravado na confraternização de fim de ano do União, em Brasília, foi interpretado por aliados do senador como uma tentativa de o comando do seu partido reforçar, ao menos no discurso público, que Moro segue sendo o nome para a disputa estadual, em meio à pressão crescente para uma reacomodação da federação no Paraná.
Em meio à indefinição, partidos como PRTB e Missão, sigla ligada a militantes do Movimento Brasil Livre (MBL), tentam atrair o ex-juiz.
Sem nome próprio
Em oposição à candidatura de Moro, que lidera as pesquisas, representantes do diretório estadual do PT anunciaram o apoio ao deputado estadual Requião Filho (PDT). A costura também inclui o presidente da Itaipu Binacional, Enio Verri (PT), aliado da ministra Gleisi Hoffmann que chegou a ser cotado internamente para concorrer ao governo do estado, mas que deverá disputar o Senado.
O apoio foi anunciado nas redes sociais na tarde de ontem, após um encontro entre Requião, Verri e o deputado estadual e líder da oposição na Assembleia Legislativa Arilson Chiorato (PT), mas vinha sendo discutido desde o encontro estadual do PT em setembro. A decisão também foi apresentada em uma reunião em Brasília e obteve o aval tanto de Edinho Silva, que comanda o diretório nacional do PT, quanto do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, que preside o PDT.
— Não será uma candidatura petista, mas sim pedetista e que tem buscado conversar com outros partidos. Desde que coloquei a minha candidatura, eu já cheguei a 29% das intenções de voto nas pesquisas, então a federação do PT reconheceu a minha candidatura como viável e ofereceu apoio, algo que não se nega a ninguém — disse Requião ao GLOBO.
A composição também marca a retomada do diálogo entre Requião Filho e o PT. No início deste ano, ele seguiu o caminho do pai, o ex-governador Roberto Requião, e saiu da sigla, após ser autorizado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) a deixar a legenda fora da janela partidária sem perder o mandato. Segundo o deputado, a escolha foi motivada por divergências com o comando nacional. Ao chegar no PDT, assumiu o comando do diretório estadual e passou a ser cotado para disputar o governo, dividindo inicialmente a atenção da esquerda com Verri, que teve a viabilidade analisada pelo PT.
Sucessor de Ratinho
A costura também determinou a indicação de Verri para uma das vagas em disputa ao Senado. A segunda posição será colocada à disposição para outros partidos da federação com o PT, disponibilizada para siglas aliadas, como o Avante ou PSB, ou entregue ao deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR).
Em paralelo, o governador Ratinho Júnior (PSD) também deverá escolher quem será seu sucessor na corrida pelo comando do estado em 2026. À sua disposição, colocam-se três nomes do PSD, que incluem o secretário das Cidades, Guto Silva, que teria a preferência pela proximidade com o mandatário. Além dele, são cotados o presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Curi, e o ex-prefeito de Curitiba, Rafael Greca, já cortejados para o lançamento de chapas por outros partidos. Entre os cotados, Guto Silva é visto como a escolha provável do governador.
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