O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que só decidirá se vetará ou não o projeto de lei sobre dosimetria de penas quando o texto chegar à sua mesa, mas ressaltou que o ex-presidente Jair Bolsonaro "tem que pagar pela tentativa de golpe". O projeto, que prevê redução de penas para Bolsonaro e demais condenados na trama golpista, foi aprovado na Câmara dos Deputados na madrugada de quarta-feira e agora segue para análise do Senado.

— A discussão agora vai para o Senado e vamos ver o que vai acontecer. Quando chegar na minha mesa, eu tomo a minha decisão. Eu e Deus sentados, tomarei a decisão, farei aquilo que eu entender que deva ser feito porque ele tem que pagar pela tentativa de golpe, tentativa de destruir a democracia desse país. Ele sabe disso, não adianta ficar choramingando agora — disse Lula em entrevista à TV Alterosa, em Minas Gerais.

Segundo apuração do jornal O Globo, caso o texto avance também no Senado, a tendência, de acordo com interlocutores do Palácio do Planalto, é vetar privilégios para integrantes da cúpula da tentativa de golpe.

A avaliação inicial é que a tendência é vetar benefícios a Bolsonaro e a todo o núcleo principal da trama golpista, que inclui os ex-ministros Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres; o ex-comandante da Marinha Almir Garnier; e o deputado federal Alexandre Ramagem. O ex-ajudante de ordens Mauro Cid também integra o grupo, mas recebeu pena menor por colaborar com as investigações e já deixou o regime fechado.

Integrantes do governo ponderam, no entanto, que a tramitação no Congresso ainda está em andamento e que qualquer decisão sobre eventual veto será precedida de análises jurídicas e políticas detalhadas.

— Não gosto de dar palpite em algo que não diz respeito ao Poder Executivo. É algo pertinente ao Poder Legislativo. Tem gente que concorda e gente que não concorda. Ele foi condenado a 27 anos e três meses de cadeia porque tentou fazer algo muito grave. Não foi brincadeira, havia um plano arquitetado para matar a mim, Alckmin e o Alexandre de Moraes. Tinha plano de explodir caminhão no aeroporto de Brasília, plano de sequestrar o poder já que perdeu as eleições — afirmou Lula.