A sessão que debate o projeto da dosimetria avançou pela madrugada desta quarta-feira, evidenciando o clima de ruptura entre Hugo Motta (Republicanos-PB) e Lindbergh Farias (PT-RJ). O embate ocorreu poucas horas após o presidente da Câmara determinar a retirada forçada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da Mesa Diretora.

O episódio gerou acusações de abuso de autoridade, expulsão da imprensa e protestos da base governista. Em meio à tensão, Lindbergh declarou que Motta “não tem mais condições de presidir a Casa”. O ambiente já estava acirrado quando a discussão sobre a dosimetria reacendeu as críticas do líder do PT ao presidente da Câmara.

Lindbergh acusou Motta de distorcer a pauta e agir com oportunismo:

— Vossa excelência, em seu discurso de posse, falou do Ulysses Guimarães e ainda disse ‘ainda estamos aqui’. Aí vossa excelência coloca este projeto de forma oportunista. O senhor está cometendo um crime, interferindo em um processo que ainda está em curso — afirmou o petista.

A resposta veio em tom elevado. Motta resgatou a história da Constituinte e rebateu o PT:

— Escutar aqui por diversas e reiteradas vezes integrantes do PT invocar e falar do Ulysses Guimarães quando o próprio partido votou contra a discussão da Constituição é uma incoerência histórica — disse Motta, em tom de enfrentamento.

A troca de acusações cristalizou o desgaste na relação entre os dois parlamentares, que já estavam afastados há semanas.

O distanciamento se aprofundou desde a tramitação da PEC da Blindagem e ganhou novo capítulo quando Motta escolheu o opositor Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do PL Antifacção — decisão interpretada pelo governo como uma provocação.