Poder e Governo
Ministério dos Povos Indígenas critica aprovação do Marco Temporal pelo Senado
Pasta afirma que PEC aprovada nesta terça representa retrocesso democrático ao impor 1988 como referência para demarcação de terras
O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) classificou como "passo gravíssimo contra direitos" a aprovação, pelo Senado Federal, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que institui o marco temporal para a demarcação de terras indígenas. Segundo a pasta, a medida "representa um profundo retrocesso para a democracia brasileira ao impor 1988 como referência para demarcar territórios".
"Nossos povos ocupam o território brasileiro desde muito antes dos colonizadores. Querem apagar nossa história e silenciar nossos direitos. No encerramento de 2025, o Brasil precisa reafirmar o diálogo, o respeito institucional e a defesa dos direitos humanos, não retroceder", afirmou o ministério em nota.
O MPI também alertou que o marco temporal "intensifica conflitos fundiários e gera insegurança jurídica, além de prejudicar a preservação ambiental, já que as terras indígenas são as mais preservadas do planeta".
"A PEC estabelece que a história dos povos indígenas no território começa em 1988, restringindo o reconhecimento de territórios tradicionais e ignorando expulsões históricas. Trata-se de uma violação dos direitos constitucionais dos povos indígenas. O Brasil que comemorou a valorização dos povos indígenas na COP30 vê hoje o Senado Federal indo contra os direitos dos nossos povos", acrescentou a pasta.
Aprovação no Senado
O Senado aprovou, nesta terça-feira, em dois turnos, a PEC do marco temporal, aprofundando a tensão entre os Poderes. O Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar, nesta quarta-feira, quatro ações que questionam a constitucionalidade da medida. Pelo texto aprovado, os povos indígenas só teriam direito às áreas ocupadas em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da atual Constituição Federal.
Na votação, os votos contrários vieram principalmente do PT e do PSD: o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva registrou oito votos contra, enquanto quatro senadores do PSD — legenda do Centrão, mas com integrantes alinhados ao governo — também rejeitaram a proposta.
O que é o Marco Temporal?
O marco temporal define que os povos indígenas têm direito apenas às terras que ocupavam ou disputavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição.
Defensores da proposta argumentam que a medida traz segurança jurídica ao campo, evitando que proprietários tenham suas terras reivindicadas futuramente.
Já os críticos afirmam que, ao fixar uma data específica, a Câmara ignora o histórico de perseguição aos indígenas, muitos dos quais foram expulsos ou dizimados antes desse marco.
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