Poder e Governo

Associações repudiam cerceamento ao trabalho de jornalistas na Câmara

Organizações cobram apuração de responsabilidades para evitar novas intimidações e garantir os princípios constitucionais que vedam a censura.

Agência O Globo - 09/12/2025
Associações repudiam cerceamento ao trabalho de jornalistas na Câmara
- Foto: Reprodução / Instagram

Associações de imprensa manifestaram repúdio ao impedimento do trabalho de jornalistas durante a cobertura da tentativa do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) de obstruir os trabalhos na Câmara dos Deputados. Em nota conjunta, as entidades destacaram que o bloqueio ao trabalho da imprensa e o corte do sinal da TV Câmara "são incompatíveis com o exercício da liberdade de imprensa".

A manifestação foi assinada pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e Associação Nacional de Jornais (ANJ).

"A ANJ, ABERT e ANER esperam a apuração de responsabilidades para que tais práticas de intimidação não se repitam e que sejam preservados os princípios da Constituição Brasileira, que veda explicitamente a censura", afirmam as entidades.

Confusão no plenário

A confusão teve início após a inclusão da cassação de Glauber Braga na pauta do plenário, na última quarta-feira. O deputado ocupou a cadeira de Hugo Motta (Republicanos-PB) e declarou que não sairia do local.

Policiais legislativos, então, expulsaram repórteres do plenário e das galerias para evitar o registro do momento em que o parlamentar seria retirado à força.

No momento da retirada de Glauber, o sinal da TV Câmara foi interrompido, suspendendo a transmissão ao vivo.

Durante a condução do deputado pelo Salão Verde, profissionais de imprensa relataram terem sido empurrados por policiais legislativos. Segundo os agentes, a ação visava abrir um corredor para a passagem do parlamentar, mas houve relatos de agressões a jornalistas próximos à entrada do plenário.

O episódio resultou em confusão, com a polícia legislativa abrindo espaço de maneira forçada. Glauber Braga deixou o plenário cercado por aliados, entre eles o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), e os deputados Orlando Silva (PCdoB-SP), Jack Rocha (PT-ES) e Sâmia Bonfim (PSOL-SP).

Nas redes sociais, Hugo Motta afirmou ter determinado a "apuração de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa".