Poder e Governo
Governadores de direita evitam apoiar pré-candidatura de Flávio Bolsonaro
Isolamento inicial do senador evidencia resistência entre aliados e tentativa de articulação ao centro
A pré-candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ao Palácio do Planalto foi lançada sem manifestações públicas de apoio dos governadores de direita que também figuram como possíveis candidatos à Presidência em 2026. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), manteve silêncio por mais de 72 horas, enquanto outros presidenciáveis evitaram endossar abertamente o movimento, deixando o PL isolado em sua tentativa de tornar Flávio uma opção competitiva.
A demora de Tarcísio em se posicionar tornou-se o principal foco de atenção entre aliados da direita. Pessoas próximas ao governador demonstraram surpresa com o silêncio, mas, na noite desta segunda-feira, Tarcísio acenou ao senador, afirmando:
— O presidente Bolsonaro é uma pessoa que respeito muito, sempre disse que seria leal a ele, sou grato e essa lealdade é inegociável. O Flávio vai contar com a gente.
Apesar do gesto, o governador não formalizou apoio à candidatura de Flávio:
— Flávio tem uma grande responsabilidade a partir de agora. Ele se junta a outros grandes nomes da oposição que já colocaram seus nomes à disposição, como Romeu Zema e Ronaldo Caiado.
Mesmo sem se lançar oficialmente, o grupo político de Tarcísio trabalha para manter seu nome em evidência e evitar que a candidatura de Flávio o retire das discussões antecipadamente.
O distanciamento não se restringiu a São Paulo. Outros governadores adotaram postura protocolar. Ratinho Junior (PSD-PR) afirmou que seu partido pode ser protagonista nas eleições ou construir alianças, sem indicar apoio a Flávio. Romeu Zema (Novo-MG) considerou o lançamento do filho 01 do ex-presidente "justo" e "democrático", destacando a naturalidade de múltiplas candidaturas no primeiro turno.
Ronaldo Caiado (União-GO) reafirmou sua própria pré-candidatura ao comentar o tema, evitando qualquer gesto em direção a Flávio. Internamente, a avaliação é de que nenhum desses governadores, todos com aspirações nacionais, tem interesse em fortalecer o nome do senador neste momento.
Os únicos apoios públicos vieram de governadores do próprio PL, que não são cotados para a disputa presidencial. Durante reunião do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), no sábado, Jorginho Mello (PL-SC) classificou Flávio como “grande brasileiro” e afirmou que ele pode “unir a direita”. Cláudio Castro (PL-RJ) declarou estar “feliz com o direcionamento do partido”, ressaltando sua proximidade com o senador.
A ausência de apoios entre governadores também se repete no Centrão, que ainda aposta em Tarcísio e vê pouca viabilidade na candidatura de Flávio. O senador tenta articular um jantar, nesta segunda-feira, com dirigentes do Progressistas, União Brasil e PL, em sua residência, em Brasília. O objetivo é reduzir resistências e negociar a anistia dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.
Mais lidas
-
1DEFESA NACIONAL
'Etapa mais crítica e estratégica': Marinha avança na construção do 1º submarino nuclear do Brasil
-
2ECONOMIA GLOBAL
Temor dos EUA: moeda do BRICS deverá ter diferencial frente ao dólar
-
3REALITY SHOW
'Ilhados com a Sogra 3': Fernanda Souza detalha novidades e desafios da nova temporada
-
4FUTEBOL INTERNACIONAL
Flamengo garante vaga na Copa do Mundo de Clubes 2029 como quinto classificado
-
5ANÁLISE INTERNACIONAL
BRICS se consolida em meio à instabilidade global, aponta especialista