Poder e Governo
Ministros intensificam articulação no Senado para garantir votos a Messias
Alckmin, Haddad, Wellington Dias, Paulo Teixeira e Tebet buscam superar resistências à indicação do advogado-geral da União para o STF
Diante das dificuldades enfrentadas por Messias para chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), ministros do governo intensificaram a articulação nos bastidores para fortalecer o apoio ao advogado-geral da União no Senado. O grupo é formado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, titular da pasta de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Simone Tebet (Planejamento). Eles têm dialogado com senadores na tentativa de sensibilizá-los a favor do indicado pelo presidente Lula.
Em conversas por telefone e reuniões em gabinetes, os ministros buscam ressaltar a trajetória jurídica de Messias, defender sua ida ao STF e destacar sua possível contribuição para a Corte. A atuação é direcionada especialmente a parlamentares do Centrão e da direita, na tentativa de superar resistências em meio ao ambiente político hostil no Senado. Uma das principais barreiras é o receio de que Messias, caso aprovado, adote postura semelhante à do ministro Flávio Dino.
As exigências feitas por Dino em ações que cobram mais transparência nas emendas parlamentares têm causado desconforto entre os senadores, que enxergam uma possível interferência em suas prerrogativas. Esse incômodo já atingiu o AGU, e ministros do governo argumentam junto aos parlamentares que o temor é infundado, destacando que Messias tem perfil considerado flexível. Procurado, o advogado-geral da União preferiu não comentar.
Fernando Haddad tem buscado senadores com quem já trabalhou em pautas econômicas, enquanto Simone Tebet concentra esforços na bancada do MDB. Alckmin, por sua vez, atua de forma discreta junto aos quatro senadores do PSB. Os ministros optaram por não se manifestar oficialmente sobre as articulações.
— A temperatura está baixando. Um ponto positivo é que todos têm grande respeito e reconhecem seu preparo para a missão — afirma o ministro Wellington Dias.
O adiamento da sabatina de Messias foi considerado positivo pelos ministros, que avaliam que o novo calendário permitirá um diálogo mais sereno entre Lula e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Messias seria sabatinado nesta quarta-feira, mas a data foi inviabilizada pela ausência do envio formal da indicação ao Senado, ato necessário para oficializar a escolha presidencial.
A suspensão da sabatina foi anunciada enquanto Messias estava no gabinete do senador Omar Aziz (PSD-AM), que relatou que o advogado-geral ouviu a decisão sem demonstrar reação. Segundo Aziz, a frustração pela não indicação do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) não deve ser confundida com hostilidade pessoal a Messias — a resistência, segundo os senadores, é de natureza política.
A relação entre Lula e Alcolumbre se deteriorou após a indicação do AGU, já que o presidente do Senado defendia a escolha de Pacheco. Além disso, Alcolumbre rompeu com o líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), por não ter sido informado previamente sobre a data em que Lula faria a indicação de Messias.
— Ninguém critica a formação do Messias. O que existe hoje é um problema no ambiente político. Há uma agitação que precisa ser superada — avalia o ministro Paulo Teixeira.
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