Poder e Governo

Sindicato investiga condições de trabalho em set de filme sobre Bolsonaro após denúncias

Longa aposta em narrativa heroica e retrata ex-presidente como 'improvável vencedor' das eleições

Agência O Globo - 09/12/2025
Sindicato investiga condições de trabalho em set de filme sobre Bolsonaro após denúncias
O ex-presidente Jair Bolsonaro - Foto: Reprodução

O Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de São Paulo (Sated-SP) informou, nesta segunda-feira, que enviou delegados sindicais ao set de gravações do filme "Dark Horse" — produção que contará a trajetória do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com estreia prevista para 2026. A medida foi tomada após o recebimento, na última sexta-feira, de reclamações sobre más condições de trabalho envolvendo atores e figurantes.

"O Sated-SP recebeu relatos de diversas situações preocupantes tanto de figurantes quanto de atores. Delegados sindicais responsáveis pela fiscalização estiveram no local das gravações para dialogar com a equipe e a produção do filme, apresentando as denúncias recebidas e solicitando que sejam tomadas as devidas providências para garantir que os artistas sejam tratados de acordo com as regulamentações do Sated", declarou o sindicato em nota.

O jornal O GLOBO procurou o deputado federal Mário Frias (PL-SP), responsável pela produção e roteiro do longa, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O conteúdo será atualizado caso haja resposta.

O filme adota uma narrativa heroica, retratando Bolsonaro como um "improvável vencedor" das eleições. A trama também abordará o passado militar do ex-presidente e sua atuação no combate ao tráfico de drogas. O personagem Adélio, responsável pelo atentado a faca em 2018, será retratado com nome fictício.

Com pretensão de alcançar o público internacional, "Dark Horse" reconstitui a trajetória política de Bolsonaro, atualmente condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e preso preventivamente desde 22 de novembro.

Imagens vazadas das gravações mostram o ator americano Jim Caviezel, que interpreta Bolsonaro, encenando o episódio da facada ocorrida em Juiz de Fora (MG) durante a campanha eleitoral de 2018.

O elenco conta ainda com nomes internacionais como Lynn Collins ("John Carter – Entre Dois Mundos") e Esai Morales ("Missão: Impossível – O Acerto Final"), além do brasileiro Felipe Folgosi, que vive um policial federal.

A direção é de Cyrus Nowrasteh, cineasta de 69 anos conhecido por filmes de temática religiosa, como "O apedrejamento de Soraya M." (2008), "O jovem messias" (2016) e "Sequestro internacional" (2019).