Poder e Governo
De 'lisonjeado' a 'sacrifício': o que Flávio Bolsonaro já disse sobre disputar a Presidência
Declarações ao longo de 2025 mostram trajetória de negativas, cautela e acenos velados até a confirmação da pré-candidatura pelo PL
A confirmação de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato à Presidência em 2026, anunciada nesta sexta-feira após aval do pai, Jair Bolsonaro, encerra uma série de declarações ambíguas do senador sobre a possibilidade de liderar a chapa do bolsonarismo. Ao longo de 2025, Flávio alternou gestos de lealdade ao ex-presidente, sinais de desconforto diante da hipótese de se candidatar e negativas públicas recorrentes.
Em fevereiro, em entrevista ao jornal O Globo, Flávio reconheceu que partidos aliados buscavam "nomes com viabilidade" para uma eventual candidatura alternativa a Jair Bolsonaro, citando Michelle Bolsonaro, Tarcísio de Freitas e ele próprio. No entanto, afastou qualquer tratativa séria naquele momento:
— Seria desrespeito falar em opções agora — afirmou, insistindo que a prioridade era garantir a elegibilidade do ex-presidente.
Meses depois, em junho, adotou tom semelhante ao ser questionado pela Folha de S. Paulo. Disse que se sentia "lisonjeado" pelas especulações, mas reafirmou que pretendia focar no mandato de senador e, novamente, na situação jurídica do pai, negando a possibilidade de candidatura à Presidência:
— Imutável. Eu fico lisonjeado.
No fim de junho, durante ato na Avenida Paulista, Flávio afirmou que o pai não tinha prazo para desistir da candidatura a presidente em 2026 e que a decisão sobre quem apoiar na disputa seria tomada "na hora certa" e de modo estratégico:
— O que está em jogo no país, minha gente, é a liberdade e o futuro dos nossos filhos e netos. Então, não haverá vaidade por parte de ninguém, em especial do presidente Bolsonaro, de tomar a decisão certa na hora certa.
A virada de tom ocorreu no fim de novembro. Quando o irmão Eduardo passou a chamá-lo de presidenciável em transmissões ao vivo, o senador passou a admitir abertamente a possibilidade. A um interlocutor próximo, afirmou que "se o pai quiser, vai para o sacrifício" da candidatura ao Planalto.
A frase foi interpretada como o primeiro reconhecimento explícito de que ele poderia assumir o posto, ainda que a contragosto. Dois dias depois, já em dezembro, após a prisão de Jair Bolsonaro, Flávio voltou a adotar cautela. Em live, disse que preferia buscar a reeleição ao Senado e criticou o que chamou de perseguição à família: "Querem enterrar todos os Bolsonaros vivos."
Quatro dias antes do anúncio desta sexta-feira, em entrevista ao Flow Podcast, Flávio afirmou que quem o pai indicar disputará o segundo turno de qualquer eleição:
— Ele só vai fazer isso (indicar alguém) quando estiver livre. É isso que eu estou defendendo lá. O Bolsonaro do jeito que está, os partidos podem lançar os candidatos que quiserem. Todo mundo sabe que, a partir do momento que o Bolsonaro abrir a boca para falar 'é o Igor' [o apresentador do podcast], você está no segundo turno — disse.
*Estagiária sob supervisão de Luã Marinatto.
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