Poder e Governo

Derrite x Michelle: bolsonaristas se dividem em disputa pela segunda vaga na corrida ao Senado em SP

Enquanto ex-secretário de Segurança de SP quer dobradinha com Ricardo Salles, ex-primeira-dama articula em prol da candidatura da deputada Rosana Valle

Agência O Globo - 06/12/2025
Derrite x Michelle: bolsonaristas se dividem em disputa pela segunda vaga na corrida ao Senado em SP
Derrite x Michelle: bolsonaristas se dividem em disputa pela segunda vaga na corrida ao Senado em SP - Foto: Reprodução / internet

Em São Paulo, as articulações do campo bolsonarista para definir quem concorrerá ao Senado em 2026 têm sido marcadas por divergências e tentativas de reaproximação. Uma das duas vagas deve ser do deputado federal (PP), enquanto a outra é disputada por nomes como (Novo) e a deputada federal Rosana Valle (PL).

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A ex-primeira dama (PL) tenta reforçar o capital político de aliadas como Rosana. A deputada federal, mencionada esta semana por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, como possível candidata ao Senado no estado, teve o nome incluído em pesquisas internas a pedido de Michelle, ainda que reservadamente mostre reticência em abrir mão de uma disputa menos arriscada à reeleição na Câmara.

Se Michelle emplacar a escolha, Rosana ocuparia um lugar antes reservado ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos e responde a um processo por coação no Supremo Tribunal Federal (STF) após articular sanções de Donald Trump a autoridades brasileiras.

Outros cotados na direita para a disputa seriam o Dr. Marco Feliciano (PL), o vice-prefeito da capital, coronel Mello Araújo (PL), e o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos). O ex-governador Rodrigo Garcia, atualmente sem partido, corre por fora.

Na semana passada, Rosana esteve em um evento no Palácio dos Bandeirantes para entrega de veículos do Fundo Social, chefiado pela primeira-dama do estado, Cristiane Freitas, para dezenas de prefeituras paulistas. Além de figurar no palco ao longo de todo o evento, ela tirou foto com praticamente todos os beneficiários, mesmo quando as emendas anunciadas eram assinadas por outros parlamentares.

Apelo feminino

Um dirigente partidário envolvido nas conversas sobre a chapa estadual destaca que Rosana é próxima de Tarcísio e Cristiane e poderia surgir como um nome de consenso, apesar de o governador ter mais poder de veto do que de escolha para essa vaga. Um aspecto relevante é o apelo feminino, que poderia ser usado por Valdemar para barrar, por exemplo, Ricardo Salles, de quem é desafeto.

De olho nesses movimentos, alguns políticos bolsonaristas têm procurado organizar um encontro entre Salles e Valdemar para apaziguar a relação, e até uma volta do ex-ministro bolsonarista ao antigo partido (do Novo ao PL) estaria na mesa. Salles tornou a permanência na sigla insustentável no ano passado após atacar publicamente a ala de Valdemar quando tentava se cacifar para a eleição à prefeitura de São Paulo. O PL acabou apoiando o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que saiu vitorioso, enquanto Salles optou pelo influenciador Pablo Marçal (PRTB), contrariando ordem de Bolsonaro.

A reaproximação tem a simpatia de Derrite, ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, que estaria interessado em uma dobradinha com Salles para o Senado. Para Salles, a conveniência é tanto por aglutinar o campo da direita com o grupo de Tarcísio e Bolsonaro quanto pela maior envergadura do PL para a campanha.

Em evento em Fortaleza no último domingo, no qual Michelle criticou a aliança do PL com o ex-governador Ciro Gomes (PSDB), a ex-primeira-dama deixou claro que teria opiniões próprias com base na “autonomia do meu movimento feminino que se tornou o maior da história” e que Valdemar não necessariamente representa a sua posição política — ou a do marido. A fala irritou os filhos de Bolsonaro, que a criticaram publicamente e depois recuaram, após visita ao ex-presidente na Polícia Federal.

Aliadas país afora

Ainda no Ceará, Michelle apoia o nome da vereadora de Fortaleza Priscila Costa, atual vice-presidente da ala feminina do partido, para o Senado. O presidente estadual do PL, deputado federal André Fernandes, que foi “desautorizado” por Michelle, defende a candidatura do pai, o deputado estadual e pastor Alcides Fernandes (PL). As vagas em disputa são ocupadas hoje por Eduardo Girão (Novo) e Cid Gomes (PSB), e o ex-senador Eunício Oliveira (MDB) pontua bem nas pesquisas.

Michelle também se posicionou em favor da deputada federal Carol de Toni (PL) como candidata ao Senado em Santa Catarina, onde o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL) planeja ser candidato. Há uma ala do partido que deseja apoiar o senador Espiridião Amin (PP) como segundo voto, de forma a aproximar a sigla da chapa de reeleição do governador Jorginho Mello (PL). Outra parlamentar mulher que tenta se viabilizar no pleito é a deputada Júlia Zanatta (PL).