Poder e Governo
'Marçal fluminense', bombeiro e ex-Bope: prisão de Bacellar abre margem para outsiders nas eleições do Rio
Vácuo na direita anima siglas a testarem nomes como Italo Marisili, Rafael Luz e Rodigo Pimentel
A prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio, (União), deixa um vácuo no tabuleiro político planejado pela direita para o ano que vem, que poderá ser preenchido por “outsiders” na disputa pelo comando do estado. Com atuação forte nas redes sociais e discurso focado no combate ao crime, nomes como o do psiquiatra Italo Marisili, do bombeiro militar Rafael Luz e do ex-capitão do Bope Rodrigo Pimentel têm sido testados nas pesquisas e cortejados por siglas interessadas em candidaturas próprias.
'Não aguenta um debate':
'Que Deus te abençoe ':
Apelidado de “Marçal fluminense”, em referência ao ex-coach Pablo Marçal que disputou a prefeitura de São Paulo em 2024, Marsili acumula mais de 2,3 milhões de seguidores e cresceu nas redes sociais a partir da divulgação de capacitações profissionais em áreas como segurança pública, além da publicação de dicas de marketing digital e lições de vida contra “doenças do espírito”. Ligado ao guru bolsonarista Olavo de Carvalho, que morreu em 2021, chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Saúde em 2020, após a saída de Nelson Teich.
Conversas
De olho na disputa estadual de 2026, o médico foi procurado pelo Partido Novo. Ao longo do ano, no entanto, as conversas com a sigla “amornaram”, mas, segundo interlocutores, o influenciador também foi procurado por caciques do Republicanos e do PSD no estado. Testado pela Quaet em agosto, Marsili registrou 2% das intenções de voto, ante 35% contabilizados por Paes, 9% de Bacellar e 5% de Washinton Reis (MDB).
Bacellar foi preso na quarta-feira, acusado de vazar informações da operação que prendeu o deputado estadual TH Joias (MDB) em setembro. Com a queda do presidente da Alerj, a indefinição abre espaço para candidatos de fora do campo considerado tradicional da direita no estado, como Marsili.
Além dele, também corre por fora o bombeiro e ex-policial militar Rafael Luz, já lançado como pré-candidato pela Missão, sigla fundada por integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL). Próximo ao presidente do partido, Renan Santos, que deverá disputar o Palácio do Planalto, Luz deverá compor uma chapa focada no combate ao crime organizado e no contraterrorismo, áreas de especialização dele abordadas nas redes sociais e em participações em podcasts.
A atuação na área também determinou a escolha do Sargento Martins, lotado na unidade de Patrulhamento Móvel da PMERJ, como vice.
— Hoje o campo da direita está muito aberto aqui no Rio. Vejo os nomes que têm sido lançados, até o do próprio Bacellar, como representantes do Centrão. Eles dançam conforme a música. Vejo a nossa candidatura como a única verdadeiramente de direita no estado — afirma Rafael Luz.
Do mesmo campo de atuação, o ex-policial Rodrigo Pimentel tem tido o nome testado em pesquisas. Ao GLOBO, relatou também ter recebido ligações de presidentes de partidos, mas afirmou que “não sentou para conversar com ninguém” e afastou a possibilidade de disputar um cargo no estado.
Também com discurso focado no combate ao crime, o ex-governador Wilson Witzel, alvo de um impeachment em 2021, tem buscado se recolocar na disputa. Segundo aliados, ele tem feito tratativas com legendas com representação na base do governador Cláudio Castro (PL). Ele também tem sido procurado por partidos nanicos ainda em formação, como o Igual, presidido por Sergio Lins, ex-secretário de Trabalho de Belford Roxo e aliado do prefeito Márcio Canella (União). Em 2022, Witzel também tentou voltar à disputa pelo Guanabara, mas teve a candidatura indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em função da perda de seus direitos políticos.
— Na minha visão, o estado tem uma vocação para eleger um candidato de direita e sei que a discussão sobre o combate ao crime organizado será central na eleição do próximo ano. É evidente que o meu trabalho na área será lembrado pelo eleitor — disse Witzel.
As movimentações coincidem com o momento em que Paes e representantes de seu grupo político fazem sinalizações para a direita e indicativos de afastamento da esquerda. Em entrevista ao GLOBO publicada na quarta-feira, o vice-prefeito, Eduardo Cavalieire (PSD), expôs insatisfações com o PT e defendeu a neutralidade do PSD no jogo nacional para atrair mais apoio no estado.
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