Poder e Governo
Planalto vê lançamento de Flávio Bolsonaro como teste do sobrenome na pré-campanha
Aliados de Lula avaliam que decisão pode ser revertida e observam impacto do nome Bolsonaro na disputa eleitoral
O anúncio do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de que recebeu do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o aval para disputar a Presidência é visto com cautela pelo entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para aliados do governo, ainda não há definição definitiva e existe a possibilidade de reversão dessa escolha nos próximos meses.
O movimento de Jair Bolsonaro, ao indicar o filho mais velho como possível candidato, é interpretado por integrantes do governo como uma resposta ao recente desentendimento público na família e uma estratégia para fortalecer o projeto político dos Bolsonaro.
O episódio de tensão envolveu Flávio e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que venceu uma disputa política sobre alianças no Ceará. Após se posicionar contra a aproximação de bolsonaristas no estado com o ex-presidenciável Ciro Gomes, Michelle foi criticada publicamente não só por Flávio, mas também por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carlos Bolsonaro (PL-RJ).
Lula e seus aliados consideram o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), o nome mais competitivo do grupo adversário, mas reconhecem que a presença do sobrenome Bolsonaro nas urnas torna a eleição mais acirrada.
Uma avaliação feita por integrantes do PT é que, apesar de Flávio ser visto como o mais moderado da família, ele enfrentará dificuldades para unir o Centrão em torno de sua candidatura, devido ao desgaste do nome Bolsonaro e ao fato de ser indicado pelo pai, que cumpre pena por condenação relacionada à tentativa de golpe de Estado. O PT já articula para dividir partidos do Centrão, como MDB, PSD, Republicanos e PP, buscando garantir ao menos parte desses apoios nos estados.
O fator Tarcísio de Freitas também é levado em conta, mesmo que ele opte pela reeleição em São Paulo. Uma ala mais pragmática do governo avalia que, ao tentar permanecer no Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio pode fortalecer o desempenho do candidato de direita no maior colégio eleitoral do país, considerado decisivo.
Já Flávio Bolsonaro tende a puxar muitos votos no Rio de Janeiro, berço do bolsonarismo, o que pode fortalecer a votação dos Bolsonaro tanto no Rio quanto em São Paulo.
Por outro lado, aliados de Lula avaliam que o nome de Flávio Bolsonaro pode constranger candidatos a governos estaduais de centro-direita e direita no Nordeste, região onde o ex-presidente enfrenta alta rejeição, dificultando o apoio aberto ao filho de Bolsonaro.
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