Poder e Governo

Derrite busca reaproximação entre Salles, Bolsonaro e PL visando aliança ao Senado em SP

Conversas de aliados incluem até retorno de desafeto de Valdemar ao PL para fortalecer base de Tarcísio

Agência O Globo - 05/12/2025
Derrite busca reaproximação entre Salles, Bolsonaro e PL visando aliança ao Senado em SP
Derrite busca reaproximação entre Salles, Bolsonaro e PL visando aliança ao Senado em SP - Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

De olho nos movimentos do Centrão em torno do futuro político do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliados bolsonaristas articulam um encontro entre o deputado federal Ricardo Salles (Novo) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Entre as alternativas discutidas, está até mesmo o retorno de Salles ao antigo partido para fortalecer uma possível candidatura ao Senado. Um dos entusiastas da ideia é o ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), que retornou à Câmara dos Deputados.

Após embate com STF:

Salles tornou insustentável sua permanência no PL em 2023, após atacar publicamente a ala ligada a Valdemar enquanto buscava viabilizar sua candidatura à prefeitura de São Paulo. "Quem com os porcos anda, farelo come", escreveu o deputado em uma postagem que segue sendo lembrada nos bastidores. O PL apoiou o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que saiu vitorioso no pleito, enquanto Salles apoiou o influenciador Pablo Marçal (PRTB), contrariando uma ordem direta do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Duas fontes próximas a Salles afirmaram ao GLOBO que o movimento conta com a simpatia de Derrite, interessado em uma dobradinha do "bolsonarismo raiz" para o Senado. Segundo aliados, Derrite acredita que uma campanha conjunta ativaria as bases para um "voto casado" e aumentaria as chances de ambos conquistarem vagas no Congresso. Um dos interlocutores, porém, pondera que o próprio Bolsonaro pode ser um obstáculo, já que a relação com Salles está abalada desde o episódio na capital paulista.

Para Salles, a conveniência está em reunir o campo da direita com os grupos de Tarcísio e Bolsonaro e em contar com a maior estrutura do PL para a campanha, já que o Novo tem acesso limitado ao fundo eleitoral. O deputado, contudo, recebeu carta branca do partido atual para disputar um pleito majoritário em São Paulo, algo que já lhe foi negado anteriormente pelo PL.

Mesmo sem acordo formal, há um pacto de não agressão entre Salles e Derrite. Ambos também cogitam disputar o governo paulista caso Tarcísio opte por uma candidatura federal, mas o objetivo é evitar concorrência direta: caso isso ocorra, apenas um deles seguiria na disputa ao Senado. Derrite não respondeu aos pedidos de entrevista. Salles afirmou que não irá se manifestar.

Uma eventual ausência de Tarcísio na disputa à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes pode abrir espaço para aliados. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), lidera as pesquisas nesse cenário, mas passou a negar intenção de deixar o cargo após críticas públicas do vice, coronel Mello Araújo, ao governador. O vice-governador Felício Ramuth (PSD), o presidente da Assembleia, André do Prado (PL), e o próprio Derrite ganham força com a possível desistência de Tarcísio.

No campo partidário, aliados de Tarcísio defendem uma distribuição equilibrada de vagas nas chapas estaduais, contemplando Republicanos, PL, PSD e a federação PP-União Brasil. O governador conta ainda com provável apoio do Podemos e negocia aliança com o MDB.

No âmbito nacional, o governo Lula (PT) cogita lançar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), à disputa, pressionado por dirigentes a assumir uma "missão eleitoral" em 2026, fortalecendo o palanque petista em São Paulo. Outra possibilidade é uma composição com o PSB, com Geraldo Alckmin ou Márcio França ao governo paulista, conforme o contexto político. Para o Senado, são citados nomes como Marina Silva (Rede) e Simone Tebet (MDB).