Poder e Governo
Prazo curto imposto por Alcolumbre eleva pressão sobre governo para aprovar Messias no STF
Sabatina marcada para 10 de dezembro reduz margem de articulação do Planalto e dificulta mobilização por votos em meio ao clima de tensão com o presidente do Senado
A decisão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de marcar para 10 de dezembro a sabatina e a votação da indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal intensificou a pressão sobre o governo para garantir a aprovação do nome escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre lideranças da Casa, a avaliação é que o calendário definido por Alcolumbre reduziu drasticamente o tempo disponível para o Planalto articular apoio e consolidar os votos necessários à aprovação do advogado-geral da União.
Para caciques do Senado, a postura de Alcolumbre em agendar rapidamente a sabatina, ignorando o pedido do governo para adiar a análise para o próximo ano, foi interpretada como um gesto de enfrentamento. Até então, articuladores do Palácio do Planalto esperavam contar com algumas semanas para que Messias percorresse gabinetes, conversasse com parlamentares e construísse pontes com lideranças – movimento considerado essencial diante da resistência provocada pela condução da indicação por Lula.
Com apenas nove dias entre a leitura da mensagem presidencial, marcada para 3 de dezembro, e a sabatina, o governo vê uma janela reduzida para organizar sua estratégia política, que precisará ocorrer paralelamente às negociações da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e às discussões iniciais do Orçamento de 2026.
O cenário se agrava após o julgamento e condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros envolvidos em tentativas de golpe, episódio que acirrou os ânimos da oposição. Para opositores, a votação representa uma oportunidade de desgastar o governo.
A movimentação ocorre ainda em meio ao desgaste na relação entre o governo e Alcolumbre, cujo descontentamento com a indicação de Messias tornou-se público. O senador defendia o nome de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga e se irritou por não ter sido consultado previamente pelo Planalto. Desde então, Messias tenta contato direto com o presidente do Senado, sem sucesso, e optou por divulgar uma carta pública colocando-se à disposição para o escrutínio constitucional e destacando sua trajetória profissional construída no próprio Senado.
Nos últimos dias, Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo na Casa, reconheceu que o clima é de “tensão muito grande” e avaliou que não há tempo suficiente para votar a indicação ainda em 2025. Wagner ressaltou que, diante da controvérsia, Messias precisará dialogar com os 81 senadores, além de buscar entendimento com Alcolumbre e com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Otto Alencar (PSD-BA). O senador lembrou que, com o Congresso concentrado na LDO, a aprovação neste ano se torna pouco provável.
A recente recondução de Paulo Gonet à Procuradoria-Geral da República, aprovada com margem apertada, já havia evidenciado a fragilidade da base governista no Senado e reforçado a percepção de que a Casa está menos propensa a atender automaticamente aos interesses do Planalto.
Parlamentares da base afirmam que será necessário o envolvimento direto de Lula na articulação, especialmente junto a senadores de centro e àqueles insatisfeitos por não terem sido consultados sobre a escolha de Messias. O indicado, por sua vez, pretende intensificar as conversas individuais, estratégia que demanda tempo – recurso agora escasso diante do novo cronograma.
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