Poder e Governo

Zema sai em defesa de Bolsonaro após violação de tornozeleira: 'Situação extrema'

Governador de Minas Gerais participa de jantar com lideranças políticas em São Paulo nesta segunda-feira

Agência O Globo - 24/11/2025
Zema sai em defesa de Bolsonaro após violação de tornozeleira: 'Situação extrema'
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) - Foto: Reprodução / Instagram

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), manteve sua defesa ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após o político admitir ter tentado violar a tornozeleira eletrônica com um ferro de solda. Para Zema, Bolsonaro agiu em uma “situação extrema” e o episódio “não altera” suas declarações anteriores sobre possível perseguição política no caso.

“Hoje, quando um detento rompe a tornozeleira eletrônica, é preciso um mandado de prisão que muitas vezes leva meses para ser expedido. Neste caso, me parece que foi muito mais rápido. Mais um sinal de perseguição política”, afirmou o governador, ao chegar ao evento do Grupo Voto, em São Paulo.

Zema já havia manifestado solidariedade a Bolsonaro logo após a notícia da prisão, mas ainda não havia comentado o vídeo da audiência de custódia em que o ex-presidente admite ter danificado o equipamento na madrugada anterior à detenção. Questionado sobre o motivo da conduta, Zema classificou o ato como uma “situação extrema” diante dos processos judiciais enfrentados por Bolsonaro.

“Vejo aquilo como uma situação extrema pelo que ele está vivendo. Mas, em nenhum momento, e é importante deixar isso claro, ele tentou fugir. Até considero um excesso: estar em prisão domiciliar, sob vigilância, e ainda ter que usar tornozeleira eletrônica”, argumentou.

O governador mineiro reiterou nesta segunda-feira que a eleição de 2026 deve contar com diversos governadores de direita na disputa presidencial. Ele também declarou ser favorável à aprovação de anistia aos condenados por golpe de Estado no Congresso.

O jantar promovido pelo Grupo Voto, que aproxima empresários e representantes do setor público, reuniu dezenas de lideranças políticas na noite desta segunda-feira (24), em São Paulo. O evento aconteceu no Palácio Tangará, hotel de alto padrão na capital paulista. Entre os presentes estavam o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul, e Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro.

Prisão de Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso preventivamente no sábado, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No pedido encaminhado à Justiça, a Polícia Federal (PF) alegou risco de fuga, apontando uma “vigília” convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que poderia gerar tumulto no entorno da residência do ex-presidente. A hipótese foi reforçada pela tentativa de violação da tornozeleira eletrônica durante a madrugada.

Segundo o próprio Bolsonaro, ele utilizou um ferro de solda para tentar remover a tampa do equipamento, conforme admitido durante a audiência de custódia. A PF divulgou imagens do objeto danificado. Inicialmente, Bolsonaro alegou ter agido por “curiosidade”, mas depois atribuiu o ato à confusão causada pelo uso de medicamentos, relatando uma “certa paranoia” e “alucinação” sobre possível escuta ilegal no dispositivo.

A 1ª Turma do STF referendou por unanimidade a decisão de Moraes nesta segunda-feira. O relator destacou que “não há dúvidas sobre a necessidade da conversão da prisão domiciliar em prisão preventiva, em virtude da necessidade de garantia da ordem pública, para assegurar a aplicação da lei penal e do desrespeito às medidas cautelares anteriormente aplicadas”. O voto foi acompanhado por Cármen Lúcia, Flávio Dino e Cristiano Zanin. Luiz Fux, que já havia votado pela absolvição de Bolsonaro na trama golpista, deixou o colegiado em outubro.