Poder e Governo
Após prisão de Bolsonaro, moradores do condomínio esperam retorno à tranquilidade
Vizinhos do Solar de Brasília relatam trocas de mensagens festivas e esforços para evitar discussões políticas após transferência do ex-presidente
No dia seguinte à prisão preventiva de Jair Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, o Solar de Brasília — condomínio de alto padrão onde o ex-presidente cumpria medidas restritivas — inicia a semana com uma expectativa comum entre os moradores: a de que a rotina volte a ser mais estável e discreta.
Após meses marcados por tensão, presença constante de jornalistas, viaturas, apoiadores e discussões em grupos internos, vizinhos relataram à reportagem o desejo de dias mais tranquilos, sem movimentação política na entrada e sem risco de aglomerações dentro ou fora do residencial.
A reação inicial à prisão, registrada no sábado, reforçou o ambiente dividido que o condomínio enfrenta desde a prisão domiciliar de Bolsonaro. Conforme publicado por O GLOBO, logo nas primeiras horas do sábado, uma moradora compartilhou o link da música “É Hoje”, de Caetano Veloso. Outra vizinha comemorou antecipadamente o aniversário, afirmando que faria "uma festa aqui em casa", embora sem menção direta à política.
Ao mesmo tempo, administradores dos grupos de mensagens agiram com rapidez para evitar discussões acaloradas. Reforçaram as regras e apagaram qualquer conteúdo de teor político. Mensagens distribuídas ao longo do dia alertavam que temas ligados à prisão, ao STF ou à situação do ex-presidente estavam proibidos, e que publicações reincidentes seriam excluídas. Diversas mensagens — tanto de críticas quanto de apoio — foram removidas pela moderação para evitar confrontos já registrados anteriormente.
Desde agosto, moradores relatavam incômodos como buzinaços, lentidão na entrada principal, aumento de circulação de veículos e receio de que apoiadores montassem acampamento na porta do residencial. Em mensagens trocadas à época, vizinhos mencionavam dificuldades para acessar suas casas e preocupação com bloqueios e manifestações prolongadas. A prisão domiciliar de Bolsonaro transformou o condomínio em ponto frequente de atenção política, com circulação de parlamentares, agentes de segurança e equipes de imprensa.
Agora, a avaliação entre os moradores é que a prisão preventiva e a transferência do foco para a Superintendência da Polícia Federal devem reduzir a pressão sobre o Solar de Brasília. Muitos acreditam que manifestações, vigílias e atos de apoio — que antes preocupavam parte dos vizinhos — tendem a se concentrar na porta da Polícia Federal, especialmente após a audiência de custódia marcada para este domingo e a análise da Primeira Turma do STF prevista para segunda-feira.
O Solar de Brasília está localizado na região do Jardim Botânico, área nobre da capital federal, a cerca de 10 quilômetros do Congresso Nacional. A casa ocupada por Bolsonaro é alugada e custeada pelo PL.
Mais lidas
-
1DEFESA NACIONAL
'Etapa mais crítica e estratégica': Marinha avança na construção do 1º submarino nuclear do Brasil
-
2CRISE INTERNACIONAL
UE congela ativos russos e ameaça estabilidade financeira global, alerta analista
-
3ECONOMIA GLOBAL
Temor dos EUA: moeda do BRICS deverá ter diferencial frente ao dólar
-
4REALITY SHOW
'Ilhados com a Sogra 3': Fernanda Souza detalha novidades e desafios da nova temporada
-
5DIREITOS DOS APOSENTADOS
Avança proposta para evitar superendividamento de aposentados