Poder e Governo
‘Alternativa não existe’: Bolsonaro já descartou hipótese de prisão; relembre declarações do ex-presidente
Bolsonaro foi detido neste sábado pela Polícia Federal; ao longo dos últimos anos, ele colecionou declarações em que ironizava adversários investigados
Jair Bolsonaro sempre afirmou que ser preso não fazia parte de seu destino. “Eu tenho três alternativas: estar preso, estar morto ou a vitória. Pode ter certeza que a primeira alternativa não existe”, declarou em 2021, durante um encontro com líderes evangélicos. Quatro anos depois, na manhã deste sábado, o ex-presidente foi preso preventivamente pela Polícia Federal, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após violar a tornozeleira eletrônica e diante do entendimento de risco concreto de fuga.
Cronologia da prisão de Bolsonaro:
A detenção ocorreu na residência onde Bolsonaro cumpria prisão domiciliar, também imposta por Moraes. Segundo a decisão, o equipamento de monitoramento foi rompido às 0h08 deste sábado. O ministro citou ainda uma “vigília” convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), interpretada pelo STF como tentativa de criar tumulto para facilitar uma possível fuga. O ex-presidente foi levado para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Ao longo de sua carreira pública, Bolsonaro acumulou frases contundentes sobre punições criminais. Em 2017, ao comentar a chamada “lista de Fachin” — relação dos investigados pelo então relator da Operação Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin — ironizou: “a Papuda lhe espera, boa estadia lá!”. No mesmo ano, aconselhou: “Você não quer ir para a cadeia? É só não fazer besteira!”.
Em 2018, sobre Adélio Bispo, afirmou: “bandido tem que apodrecer na cadeia”. Também declarou, quando pré-candidato, naquele ano, que presídio cheio era “problema de quem cometeu crime”. Em entrevistas e debates, afirmou que quem está preso “mereceu estar lá”.
Em 2021, em meio à escalada de tensão com o Supremo, reforçou sua rejeição à ideia de ser encarcerado: “Quero dizer aos canalhas que nunca serei preso”, discursou no 7 de Setembro. Já em 2025, investigado por suposta tentativa de golpe de Estado, voltou a ironizar ao comentar possíveis desdobramentos jurídicos: “Eu caguei para a prisão”, mas depois recuou da declaração.
Sobre a prisão
A decisão de Moraes destacou que a tornozeleira havia sido violada e que o contexto sugeria intenção de fuga, especialmente pela proximidade da casa de Bolsonaro com o Setor de Embaixadas Sul, onde está a representação diplomática dos Estados Unidos. O ministro afirmou ainda que a convocação de apoiadores pelo filho do ex-presidente seguia o “modus operandi” da organização criminosa da qual Bolsonaro é apontado como líder na trama golpista.
O ex-presidente vinha cumprindo prisão domiciliar desde agosto. Segundo Moraes, Bolsonaro descumpriu reiteradamente medidas impostas, como a proibição de discursos públicos e uso indireto de redes sociais.
Bolsonaro alternou momentos de confronto aberto com o STF e tentativas de moderação. No 7 de Setembro de 2021, em um de seus discursos mais agressivos, chamou Moraes de “canalha” e afirmou que não mais cumpriria decisões do ministro. Já em 2024, na Avenida Paulista, buscou um tom conciliador, pedindo “pacificação” e afirmando querer “passar a borracha no passado”.
Mais lidas
-
1CRISE INTERNACIONAL
UE congela ativos russos e ameaça estabilidade financeira global, alerta analista
-
2DEFESA NACIONAL
'Etapa mais crítica e estratégica': Marinha avança na construção do 1º submarino nuclear do Brasil
-
3ECONOMIA GLOBAL
Temor dos EUA: moeda do BRICS deverá ter diferencial frente ao dólar
-
4REALITY SHOW
'Ilhados com a Sogra 3': Fernanda Souza detalha novidades e desafios da nova temporada
-
5DIREITOS DOS APOSENTADOS
Avança proposta para evitar superendividamento de aposentados