Poder e Governo

Dois presos, um foragido em Miami: situação dos condenados pelo esquema liderado por Bolsonaro

Além do ex-presidente, o general Walter Braga Netto está preso desde dezembro do ano passado; o deputado federal Alexandre Ramagem está foragido após ter deixado o país antes de sua condenação ser definitiva.

Agência O Globo - 22/11/2025
Dois presos, um foragido em Miami: situação dos condenados pelo esquema liderado por Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro - Foto: Reprodução / Instagram

Com a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na manhã deste sábado, o núcleo central dos condenados pela trama golpista que tentou abalar a democracia brasileira passa a contar com dois detidos e um foragido internacionalmente. Antes de Bolsonaro, o general Walter Braga Netto foi preso preventivamente em dezembro do ano passado, acusado de tentar obstruir as investigações. Já o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi declarado foragido nesta semana, após deixar o país dias antes de sua condenação transitar em julgado.

Bolsonaro foi detido por volta das 6 horas da manhã, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, que acatou pedido da Polícia Federal. Segundo a PF, havia risco iminente de fuga do ex-presidente, especialmente após a convocação feita pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para uma vigília em frente ao condomínio onde o ex-mandatário reside, em Brasília. Outro fator que motivou a prisão foi uma "grave violação" detectada na tornozeleira eletrônica utilizada por Bolsonaro durante a madrugada.

Após a ordem de prisão expedida por Moraes, Bolsonaro foi encaminhado à Superintendência da Polícia Federal. A detenção ocorre poucos dias antes da condenação por liderar a trama golpista se tornar definitiva, já que o ministro ainda analisa, a partir de segunda-feira, os recursos finais apresentados pelas defesas. O início do cumprimento da pena depende da conclusão dessa etapa.

A situação de Bolsonaro se assemelha à do general Braga Netto, detido preventivamente há quase um ano. O militar foi preso em operação da PF após a suspeita de tentar contato com os pais do tenente-coronel Mauro Cid, também réu no processo. Depoimento de Cid revelou ainda que Braga Netto teria entregue dinheiro em espécie a militares das Forças Especiais, conhecidos como "Kids Pretos". O grupo planejava a execução da chamada operação Punhal Verde Amarelo, que incluía o assassinato de autoridades como o ministro Moraes, o presidente Lula (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Além de Bolsonaro e Braga Netto, o deputado Alexandre Ramagem teve a prisão preventiva decretada nesta semana, também a pedido da PF. A corporação informou que Ramagem deixou o Brasil ainda em setembro, mês em que o julgamento da tentativa de golpe ocorreu na Primeira Turma do STF, e atualmente está em Miami. Ao final do julgamento, Ramagem foi condenado a 16 anos de prisão. Já Bolsonaro e Braga Netto receberam as penas mais altas do grupo: 27 e 26 anos, respectivamente.

Outros réus do núcleo central aguardam o trânsito em julgado após terem recursos negados pela Corte no início deste mês. Eles têm até segunda-feira para apresentar uma última rodada de embargos, que será analisada pelo ministro Moraes. A única exceção é a defesa de Mauro Cid, que, ao firmar acordo de delação premiada, garantiu pena mínima de dois anos e possibilidade de cumprimento em regime domiciliar.