A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), realizada neste sábado, é resultado direto das ações de um de seus filhos e representa um alívio para o governo Lula, ao mesmo tempo em que altera o cenário das candidaturas da direita para 2026. Essa é a avaliação de colunistas do jornal O GLOBO.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cita a “violação” da tornozeleira eletrônica, faz referência à vigília de apoiadores e justifica que não seria possível manter Bolsonaro em prisão domiciliar. Confira as análises:

Vera Magalhães

A determinação de Alexandre de Moraes para que Jair Bolsonaro fosse preso preventivamente na Superintendência da Polícia Federal em Brasília trouxe tranquilidade ao governo Lula. Havia apreensão no entorno do presidente de que a medida pudesse tensionar novamente as relações entre as Forças Armadas e o governo, rompendo o atual momento de normalidade institucional, especialmente em relação ao Exército.

Outro ponto considerado era o risco de que a presença de Bolsonaro em instalações militares estimulasse a retomada de acampamentos em quartéis-generais do Exército, tanto na capital federal quanto em outras regiões do país.

A prisão preventiva também paralisa o processo de definição sobre quem será o candidato da direita a receber o apoio de Bolsonaro em 2026. Apesar de o ex-presidente insistir que ele próprio será o candidato, mesmo inelegível, lideranças do PL e partidos do Centrão aguardavam uma decisão definitiva até dezembro. Audiências autorizadas por Moraes nos próximos dias são vistas como indicativos importantes para os próximos passos dessa definição.

Vera Magalhães destaca ainda que, além de motivarem a prisão preventiva, a violação da tornozeleira eletrônica e a convocação de manifestação em frente ao condomínio de Bolsonaro devem dificultar que a Primeira Turma do STF aceite o pedido da defesa para prisão domiciliar humanitária durante o cumprimento da pena no processo relacionado à trama golpista. A análise foi repassada ao blog por uma fonte diretamente ligada ao caso.

Bernardo Mello Franco

O vídeo que motivou a prisão preventiva de Jair Bolsonaro foi protagonizado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que incitou seguidores a “reagir” e ocupar a entrada do condomínio do ex-presidente.

A convocação foi divulgada nas redes sociais nesta sexta-feira, levando a Polícia Federal a pedir a prisão como forma de garantir a ordem pública.