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Renato Freitas relata episódio de agressão e diz ter sido alvo de racismo: 'Caí em provocação'

Deputado do PT afirma ter sido vítima de discriminação e humilhação antes de confronto físico em rua de Curitiba; adversários políticos repercutem o caso

Agência O Globo - 20/11/2025
Renato Freitas relata episódio de agressão e diz ter sido alvo de racismo: 'Caí em provocação'
Renato Freitas - Foto: Reprodução / Instagram

O deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) apresentou sua versão sobre a briga de rua que resultou em pelo menos quatro pedidos de cassação contra ele na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Segundo o parlamentar, ele acompanhava uma amiga a uma consulta médica quando um homem desconhecido "tocou o carro" em direção a eles e "agiu como um pitboy", com xingamentos e intimidação "para a porrada".

Em publicação no Instagram, Freitas afirmou que o ódio demonstrado pelo agressor, em sua avaliação, "só se motiva por racismo ou extremismo ideológico". O deputado disse ter tentado evitar o confronto, mas reconheceu que acabou cedendo à provocação.

"Sabendo disso, não abaixei a bola e confrontei. Ele, percebendo que eu não estava sozinho, recuou. Mas logo em seguida voltou acompanhado de mais dois, filmando e dizendo que estávamos em dois contra um, e que agora a briga deveria ser mano a mano. Tentei evitar ao máximo, mas percebo que caí em uma provocação que me pareceu planejada", relatou Freitas.

O deputado reforçou que procurou evitar o início da agressão. "Mas quando desviei o olhar e a atenção, ele, de forma covarde, deu o primeiro soco na minha cabeça. Então o conflito se iniciou; dei dois chutes nas pernas, pois não queria uma briga sangrenta na rua, mas tomei um soco no nariz e o sangue na rua acabou sendo o meu. Parti para cima, dei um chute na cabeça dele (cortado nos vídeos, já que eles eram os cinegrafistas), meu tênis voou do meu pé (reparem que meu amigo, após o corte, está com meu tênis na mão). Depois disso, sem muita dificuldade, imobilizei o 'pitboy' numa guilhotina. Foi quando alguns curiosos, que aparentemente torciam por ele, apareceram e separaram a briga", descreveu.

Nas imagens do episódio, o deputado, de camisa amarela, discute com um homem vestido de preto — cuja identidade não foi divulgada. Um assessor de Freitas, de azul, estava presente. O parlamentar pede que o homem de preto se afaste, mas este se aproxima e recebe um empurrão, revidando com um soco no rosto do deputado. Na sequência, Freitas desfere dois chutes nas pernas do homem, que o atinge novamente no rosto. O petista acaba imobilizando o agressor.

Mais cedo, Freitas declarou que entrou na briga pelo mesmo motivo que o levava a se envolver em conflitos na infância: "humilhação, racismo, injúria, violência, agressão".

— Eu não aprendi a baixar a cabeça. Não me orgulho de estar brigando na rua, jamais. Você que está me assistindo, não inveje o homem violento, nem siga nenhum dos seus caminhos. Mas o fato é que hoje eu estava com a minha amiga, também negra, nós dois atravessando uma rua, e o cara tocou o carro em cima de nós para dar um choque, para mostrar que tem um carro, que tem poder ou sei lá o quê — afirmou o deputado.

O episódio ganhou repercussão entre adversários políticos de Renato Freitas, como membros do Movimento Brasil Livre (MBL) e outros perfis ligados à direita e ao conservadorismo.

O parlamentar informou que registraria boletim de ocorrência. Pelo X, o presidente nacional do PT, Edinho Silva, manifestou "total apoio" a Renato Freitas, a quem descreveu como "liderança reconhecida na luta antirracista, por igualdade, democracia e direitos". Edinho classificou o episódio como "inadmissível e criminoso".

Outros apoiadores também compartilharam imagens do ocorrido e defenderam o petista como vítima da situação.