Poder e Governo
CPI do Crime Organizado amplia investigação sobre integração das forças de segurança
Fabiano Contarato prevê convite a governadores para dezembro; senadores buscam detalhar atuação do PCC e cooperação federativa
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado do Senado realizou, nesta quarta-feira, o segundo dia de depoimentos, aprofundando o foco nas falhas de integração entre as forças de segurança pública. Após ouvir, na véspera, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, os senadores receberam o diretor de Inteligência Penal da Senappen, Antônio Glautter de Azevedo Morais. O promotor Lincoln Gakiya, referência nacional no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC), havia sido convidado para esta data, mas solicitou alteração no cronograma e será ouvido em outra oportunidade.
O relator da comissão, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), busca aprofundar as informações fornecidas pela cúpula da Polícia Federal, especialmente sobre o rastreamento financeiro, a infiltração de facções nos estados e a atuação conjunta com outros órgãos. No primeiro dia de depoimentos, as perguntas dos senadores se concentraram em episódios recentes que evidenciaram a capacidade de articulação das organizações criminosas, como o esquema de lavagem de dinheiro revelado pela Operação Carbono Oculto e a operação no Complexo do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortos no fim de outubro.
Nesta quarta-feira, o foco recaiu sobre o elo entre sistema prisional, inteligência penal e crime organizado. A expectativa era de que Glautter Morais detalhasse a atuação de lideranças de facções a partir dos presídios, o grau de controle exercido sobre territórios e as fragilidades na comunicação entre estados e governo federal.
Instalada no início de novembro e presidida pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), a CPI dividiu os trabalhos em nove eixos temáticos, incluindo lavagem de dinheiro, ocupação territorial, fronteiras, crimes cibernéticos, corrupção e infiltração de facções em estruturas estatais. Contarato antecipou que, na primeira semana de dezembro, enviará convites a governadores para prestarem esclarecimentos formais à comissão. Entre os nomes previstos estão Cláudio Castro (PL-RJ), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Jerônimo Rodrigues (PT-BA). A comissão também deve ouvir os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e José Múcio (Defesa).
A CPI tem prazo de 120 dias para concluir os trabalhos. Um parecer preliminar está previsto para janeiro, com recomendações de aperfeiçoamento legislativo, medidas de integração entre as forças de segurança e propostas para conter a expansão territorial e financeira do crime organizado no país.
Depoimento
Ao iniciar sua exposição, Antônio Glautter destacou que as principais facções criminosas brasileiras surgiram dentro dos presídios e se fortaleceram em meio às fragilidades históricas do sistema penitenciário. "A inteligência penal foi forjada justamente nesse cenário. Ela existe para produzir conhecimento e subsidiar juízes, gestores e órgãos de persecução penal", afirmou.
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