A votação que reconduziu Paulo Gonet à Procuradoria-Geral da República por apenas 45 votos evidenciou o desafio do governo na próxima disputa no Senado: a possível indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal. Nos bastidores, líderes da base aliada admitem que só evitaram uma derrota inédita graças a uma operação emergencial, que garantiu dois votos da oposição e contou com a articulação direta de Davi Alcolumbre para manter o quórum elevado em uma semana de esvaziamento.

Ainda assim, o resultado foi considerado "terrível para o governo", segundo um dos principais articuladores.

O cenário de risco já está mapeado: dos 72 senadores presentes, a base contava com 52 votos, mas apenas 45 foram obtidos. O diagnóstico interno é claro: se a indicação fosse de Messias naquele mesmo contexto, o Planalto não teria hoje margem para assegurar a aprovação.

Parlamentares avaliam que, embora Alcolumbre não imponha obstáculos à escolha de Lula, o ambiente no Senado exige mais do que o apoio institucional da presidência da Casa.

O clima revelado na votação reforçou um sentimento já perceptível entre senadores: o chamado "efeito rebote do Flávio Dino", que ainda se faz sentir no plenário.

Esses mesmos parlamentares lembram que Dino foi aprovado ao STF com 47 votos e Gonet com 45, o que demonstra o atual humor político do Senado.

Para senadores experientes, o episódio escancarou um enfraquecimento da articulação política governista, algo que já era percebido, mas não havia sido testado em votações de alto risco.

Agora, com o termômetro exposto publicamente, a missão de aprovar Messias — nome que enfrenta resistências tanto na oposição quanto em setores do próprio governo — ganhou obstáculos ainda maiores.