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"Italiano", "Herói V" e "Herói E": ex-cúpula do INSS e deputado federal tinham apelidos em planilha de operadores financeiros, aponta PF

Polícia Federal identificou uso de codinomes para se referir a ex-dirigentes do INSS e a um parlamentar em esquema de desvio de recursos

Agência O Globo - 13/11/2025
'Italiano', 'Herói V' e 'Herói E': ex-cúpula do INSS e deputado federal tinham apelidos em planilha de operadores financeiros, aponta PF
- Foto: Reprodução

Mensagens obtidas pela Polícia Federal durante investigação sobre um esquema de desvio de aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) revelam que os investigados utilizavam apelidos para identificar ex-integrantes da cúpula do órgão e um deputado federal atualmente sob investigação.

De acordo com os autos, em conversas eletrônicas entre membros do chamado "núcleo financeiro" do esquema e dirigentes da entidade, o grupo tratava da prestação de contas por meio de planilhas. Nesses documentos, o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto era identificado como "Italiano"; o ex-diretor André Fidelis, como "Herói A"; o ex-procurador Virgílio Oliveira Filho, como "Herói V"; e o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG), como "Herói E".

Stefanutto e Fidelis foram presos nesta quinta-feira (20) em nova fase da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, por determinação do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF). Já Pettersen foi alvo de mandado de busca e apreensão. Houve ainda pedido de monitoramento eletrônico do parlamentar, mas a solicitação foi negada pelo ministro.

A operação tem como foco a atuação da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), uma das entidades que realizava descontos associativos de forma irregular. Segundo a PF, a organização criminosa era estruturada em três núcleos principais: comando, financeiro e político/de apoio. Este último era composto por parlamentares e assessores, incluindo Euclydes Pettersen.

O inquérito aponta que a Conafer recebeu mais de R$ 708,3 milhões do INSS, dos quais R$ 640,9 milhões teriam sido desviados para empresas de fachada e contas de operadores financeiros ligados ao grupo investigado.