Poder e Governo
Bolsonarismo repete SC com impasse pelo Senado no DF
Bia Kicis se lança com apoio de Michelle, também cotada na chapa; Ibaneis, por sua vez, sonha com dobradinha com ex-primeira-dama
Foco do bolsonarismo nas eleições do ano que vem, o Senado tem gerado uma corrida antecipada dentro do grupo político por vagas nas chapas. Depois de Santa Catarina — cujo a entrada de Carlos Bolsonaro (PL) “embaralhou” o cenário local —, o Distrito Federal também tem três nomes na raia da direita buscando a benção do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na noite de terça-feira, a deputada Bia Kicis (PL-DF) anunciou sua pré-candidatura com o apoio do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e da ex-primeira-dama Michelle, cotada para formar a chapa do PL. O governador Ibaneis Rocha (MDB), porém, sinaliza desejo de ocupar uma das cadeiras em uma “dobradinha” com a ex-primeira-dama.
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A disputa é similar ao impasse que ocorre em Santa Catarina, em que o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) acirrou a corrida da direita pelas vagas na chapa ao Senado. A briga é encabeçada pela deputada federal Carol de Toni (PL-SC) e pelo senador Esperidião Amin (PP-SC) — este com apoio do governador Jorginho Mello (PL). O acordo com Amin e o PP busca garantir a Jorginho mais tempo de TV e o palanque de um dos políticos mais experientes do estado, mas deixa apenas uma vaga para o PL na chapa conservadora, colocando em atrito o filho do ex-presidente e Carol de Toni.
No lançamento da pré-candidatura, Kicis afirmou que “deu esse passo” não só por ser um pedido de seus eleitores, mas também por “respeitar as lideranças” do partido e ter o apoio de Michelle.
— É uma caminhada por um Senado de coragem, feito por homens e mulheres de coragem, que farão o que deve ser feito para que os Poderes voltem para o seu desenho constitucional e a gente possa, enfim, ter justiça neste país.
Ao discursar, Michele lembrou dos cem dias da prisão do marido e o fato dele não poder se manifestar publicamente.
— Obrigada por esse apoio a nossa deputada mais votada, que, com certeza, tem um projeto lindo para o nosso Distrito Federal através dessa cadeira (no Senado). Vamos lutar para eleger Bia Kicis senadora. Mulheres, vamos reagir. Jovens, vamos reagir. Nós temos inocentes presos — discursou.
Outro a mencionar o ex-presidente foi Flávio, que, abraçado com Kicis, puxou o coro de “volta, Bolsonaro”. Valdemar Costa Neto também declarou apoio à parlamentar e, nas redes sociais, definiu o evento como “uma noite promissora para a direita” e “um passo em direção à vitória”. O presidente do PL confessou ter ficado “surpreso” com “tanta gente boa” presente no lançamento. Estiveram no evento os senadores Izalci Lucas (PL-DF), Rogério Marinho (PL-RN) e Márcio Bittar (PL-AC), o deputado federal Alberto Fraga (PL- DF) e o ex-ministro da Saúde e pré-candidato ao Senado na Paraíba, Marcelo Queiroga (PL-PB).
A pré-candidatura de Bia Kicis coloca mais um nome da direita entre os cotados para concorrer às duas vagas ao Senado. Michelle reacendeu os rumores sobre sua candidatura em julho deste ano ao publicar nas redes sociais seu novo título eleitoral, vinculado ao Distrito Federal, que havia sido transferido para o Rio. “A boa filha retorna à sua casa. Novamente, eleitora em Brasília”, escreveu. Uma semana antes, ela havia negado ter um acordo para concorrer ao Senado em uma aliança com Ibaneis Rocha. O posicionamento ocorreu após um encontro do governador com Bolsonaro e Michelle no aniversário do bispo evangélico JB Carvalho.
Ibaneis afirmou ter falado com a ex-primeira-dama sobre o acordo para o Senado — conversas que, segundo ele, estariam avançando —, conforme informações do portal Metrópoles. “A foto publicada foi registrada em um momento de celebração pelo aniversário do Bispo JB, em sua casa, e não em uma reunião política”, negou Michelle nas redes o possível acordo.
Silêncio de Jorginho
Em meio à disputa entre Carlos Bolsonaro e Carol de Toni pela vaga na chapa ao Senado, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), permanece sem se manifestar abertamente sobre o impasse. Principal parte interessada no assunto, o governador é cobrado por bolsonaristas por seu apoio ao senador Esperidião Amin, que concorrerá à reeleição pelo PP, deixando apenas uma vaga ao PL. Ao mesmo tempo, no final de semana passado, ele elogiou publicamente a deputada estadual Ana Campagnolo (PL), uma das principais críticas no partido à candidatura de Carlos.
No fim de outubro, Carlos chamou Ana Campagnolo de “mentirosa” quando a deputada explicou a apoiadores que o acordo de Jorginho foi uma negociação do próprio PL com o PP, e que o vereador estaria tirando a vaga de Carol de Toni. Bolsonaristas têm acusado Jorginho, no entanto, de quebrar outro acordo. Em um vídeo publicado no sábado, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, sem citar o governador, ser “martelo batido” que seu pai poderá indicar Carlos para uma das vagas. Um eventual “recuo”, segundo o parlamentar, poderia ser visto como uma derrota para o ex-presidente e um convite para que outros políticos “se rebelem” e deixem de seguir as ordens e acordos firmados com a principal liderança do partido.
Com o avanço da crise no PL de Santa Catarina e o silêncio de Jorginho Mello, as redes sociais do governador passaram a ser alvo de críticas de apoiadores, que apontam “decepção” por não endossar a candidatura de Carlos Bolsonaro. Outra crítica pública foi do deputado estadual por São Paulo Gil Diniz (PL), que cobrou “explicações aos bolsonaristas de por que deixou Bolsonaro ser tão desgastado” com a indefinição.
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