O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou a auxiliares que, antes de anunciar seu indicado para a vaga do ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF), pretende conversar não apenas com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, mas também com o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, além de realizar uma nova rodada de encontros com ministros do STF.

Pacheco e Dantas figuram entre os cotados para a vaga, mas, segundo ministros próximos ao presidente, o advogado-geral da União, Jorge Messias, permanece como o favorito de Lula para a indicação.

Há cerca de três semanas, Lula se reuniu com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e adiou a definição do substituto de Barroso para consolidar politicamente sua escolha. A principal preocupação é a resistência que Messias pode enfrentar no Senado, já que Pacheco é o preferido da maioria dos parlamentares, tendo presidido a Casa por dois mandatos.

A expectativa entre assessores do presidente é de que o ambiente político se torne mais favorável à indicação de Messias no Senado. Os encontros que Lula pretende realizar, segundo interlocutores, não teriam caráter consultivo sobre o nome, mas buscariam articular e consolidar sua escolha junto ao Supremo e ao Legislativo.

Em outubro, Lula já havia dialogado com ministros do STF sobre a indicação. Jantou com Barroso e, em outra ocasião, recebeu Flávio Dino, Cristiano Zanin, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, além do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Quanto a Pacheco e Dantas, Lula planeja fazer um gesto político a ambos, explicando pessoalmente as razões de sua escolha. Durante a COP, em Belém, Lula chegou a se encontrar com Bruno Dantas, mas, conforme relatos, o tema da sucessão no STF não foi abordado.

Na escolha anterior, quando indicou Flávio Dino para a vaga de Rosa Weber no STF, em novembro de 2023, Lula comunicou pessoalmente a Messias, então também cotado, que ele não seria o escolhido naquele momento.

Lula retornou de Belém na noite de segunda-feira, após dez dias dedicados a eventos preparatórios e à abertura da COP 30. Agora, a definição do substituto de Barroso está entre os principais temas que aguardam decisão do presidente.

Na segunda-feira, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou, em Belém, que Lula deve se reunir com Pacheco ainda nesta semana e que não vê possibilidade de recuo quanto à escolha de Messias:

— O presidente Lula deve, na volta (de Belém a Brasília), que deve ser amanhã, portanto, talvez na quarta-feira, ter mais um diálogo com o senador Rodrigo Pacheco para anunciar [o nome ao STF]. Eu sinceramente creio que o nome está lançado. Não vejo reversão — declarou Wagner.

Outro aliado próximo de Lula, o presidente do PT, Edinho Silva, ressaltou que a estratégia do presidente para a construção política da indicação é valorizar o Senado. Ele defendeu o nome de Messias e destacou que Lula saberá o momento certo para tomar a decisão:

— Na minha avaliação, um dos maiores juristas hoje do país. Muito preparado, com capacidade de diálogo com a sociedade como um todo. E é evangélico, não esconde, se assume, tem orgulho de ser. Claro que ter um evangélico no STF equilibra também a forma de pensamento, as concepções de sociedade. É um fator a mais para um jurista extremamente competente — afirmou Edinho nesta terça-feira, em Belém, à Record News.