Poder e Governo

Moraes pede 'foto do dia' após advogado alegar que militar não estava em Brasília durante plano de sequestro

Ministro questionou fotos que comprovariam ausência de integrante dos 'kids pretos' em Brasília no dia 15 de dezembro. Defesa pediu acesso ao laudo do celular do réu.

Agência O Globo - 12/11/2025
Moraes pede 'foto do dia' após advogado alegar que militar não estava em Brasília durante plano de sequestro
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal - Foto: Reprodução

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), questionou nesta quarta-feira as provas apresentadas pelo advogado de um dos nove réus do chamado “núcleo três” da trama golpista. O grupo, formado por integrantes das forças de segurança, inclui os chamados "kids pretos", elite do Exército. O julgamento ocorre na Primeira Turma da Corte.

Durante a sustentação oral, o advogado Jeffrey Chiquini, defensor do tenente-coronel do Exército Rodrigo Bezerra de Azevedo, foi indagado por Moraes sobre o motivo de apresentar fotos do cliente tiradas na véspera do suposto plano de sequestro e assassinato do magistrado, mas não da data central da investigação, 15 de dezembro de 2022.

— O senhor juntou foto de um dia antes do aniversário, jantando com os amigos. O senhor não teria uma foto do dia do aniversário dele? Porque todos nós tiramos foto no dia do nosso aniversário — questionou Moraes.

Em resposta, o advogado explicou que as fotos foram extraídas do celular do réu, apreendido pela Polícia Federal. Moraes, então, insistiu:

— Não haveria nenhuma foto no celular da mulher?

Chiquini solicitou, então, o fornecimento do laudo completo do aparelho.

— Eu não tenho o laudo. Estou buscando a prova diabólica. Que processo é esse? O delegado [da PF] tem o telefone do réu nas mãos. Isso não aconteceu nem na Lava Jato. Cadê o laudo do celular dele — questionou o defensor.

De acordo com a investigação, Azevedo teria participado da ação clandestina que visava prender e executar o ministro Alexandre de Moraes. O inquérito aponta que um dos telefones utilizados na operação, batizada de "Copa 2022", foi vinculado ao terminal telefônico em nome do militar 14 dias após a ação.

Azevedo, por sua vez, afirma que não estava com o aparelho até o dia 29 de dezembro, alegando tê-lo encontrado em uma caixa com celulares antigos usados em missões do Comando de Operações Especiais do Exército, em Goiânia, local do batalhão dos “kids pretos”.