Poder e Governo

Toffoli muda voto e apoia soltura de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras

Ministro do STF acompanha Gilmar Mendes, que apontou nulidades em processos da Lava Jato

Agência O Globo - 03/11/2025
Toffoli muda voto e apoia soltura de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF) - Foto: Reprodução

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), alterou seu voto e passou a defender a soltura de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras condenado na Operação Lava Jato. Toffoli decidiu acompanhar o entendimento do ministro Gilmar Mendes, que apontou a nulidade de todos os atos praticados pelo ex-juiz Sérgio Moro e pelos procuradores da força-tarefa de Curitiba contra o ex-executivo.

Os demais ministros da Segunda Turma ainda não registraram seus votos no sistema do plenário virtual. A votação está prevista para ocorrer até o dia 10 de novembro.

Renato Duque está preso desde agosto de 2024, cumprindo pena em regime fechado. Ele foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em quatro processos, totalizando mais de 39 anos de prisão.

Em seu voto, Gilmar Mendes destacou que a defesa "trouxe aos autos inúmeros elementos indicativos da existência de uma relação espúria e de um conluio acusatório entre o então juiz Sérgio Moro e os membros do Ministério Público Federal no Estado do Paraná, no que se refere aos processos e às ações penais instauradas".

"Não se deve ignorar que todo esse contexto de abusos e fraudes processuais que foram demonstrados sob uma dupla perspectiva, de modo amplo e específico, em relação à situação de R.S.D, também aponta para o preenchimento de outro requisito estabelecido pela jurisprudência desta Corte, qual seja a eleição do recorrente como alvo político por parte da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba e do Juízo da 13ª Vara Federal", afirmou Gilmar Mendes.

Após a apresentação do voto de Gilmar, Toffoli reviu sua posição. Em setembro do ano passado, ele havia negado o pedido da defesa, mas agora afirmou ter "reajustado o voto" para reconhecer a nulidade das decisões da Lava Jato.

“Reajusto o voto por mim proferido a fim de reconhecer a extensão dos efeitos das decisões proferidas a partir da Rcl nº 43.007/DF, de modo a declarar nulidade de todos os atos praticados pelo ex-juiz Sérgio Moro e pelos integrantes do MPF/PR em desfavor de R.S.D no âmbito da operação Lava Jato, seja na fase pré-processual ou no curso das ações penais que tramitaram no âmbito da 13ª Vara Federal de Curitiba. Por conseguinte, determino a revogação imediata da decisão de prisão proferida pela 12ª Vara Federal de Curitiba", registrou Toffoli.