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Trama golpista: quem é e o que pesa contra cada réu do 'núcleo quatro', que começa a ser julgado pelo STF nesta terça

Sete réus são acusados de espalhar desinformação para atrapalhar a eleição de 2022; PGR pediu a condenação deles por cinco crimes

Agência O Globo - 14/10/2025
Trama golpista: quem é e o que pesa contra cada réu do 'núcleo quatro', que começa a ser julgado pelo STF nesta terça
- Foto: © Foto / Andressa Anholete / SCO / STF

O Supremo Tribunal Federal () começa a julgar na manhã desta terça-feira o núcleo quatro da trama golpista, acusado de espalhar desinformação para atrapalhar a eleição de 2022. A Corte reservou seis sessões — que ocorrerão até o dia 22 de outubro — para o julgamento dos sete réus do grupo. Em setembro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou a condenação de todos os membros do núcleo pelos cinco crimes pelos quais são acusados. As defesas, por sua vez, pedem a absolvição.

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Fazem parte deste núcleo o ex-major do Exército Ailton Barros, o sargento Giancarlo Rodrigues, o policial federal Marcelo Bormevet, o coronel Reginaldo Vieira de Abreu, o tenente-coronel Guilherme Marques Almeida, o major da reserva Angelo Denicoli e o engenheiro Carlos Rocha.

A denúncia afirma que os sete integrantes do chamado núcleo quatro da trama golpista agiram de forma coordenada com o núcleo central. Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, os membros desse grupo "propagaram notícias falsas sobre o processo eleitoral e realizaram ataques virtuais a instituições e autoridades que ameaçavam os interesses do grupo".

A PGR pede ao tribunal que os envolvidos sejam condenados pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Saiba o que pesa contra os réus:

Ailton Barros

Segundo a denúncia, Ailton Barros teria participado de ataques contra os então comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, por eles não terem aderido ao plano golpista.

Em depoimento ao STF em julho, o ex-major afirmou que entendeu os pedidos do general Braga Netto de ataques aos comandantes das Forças Armadas como “choradeira de perdedor de campanha”.

Agora ao STF, Ailton afirma que não possui relação alguma com Braga Netto e que só manteve conversas com ele por interesse de apoio político em eleições no Rio de Janeiro. Em 2022, ele foi candidato a deputado estadual.

— Ele não é meu amigo, não é meu colega. Nunca tive oportunidades de conversar com ele — disse. O ex-major afirmou que começou a ter “contatos visuais” com Braga Netto a partir do primeiro turno de 2022, quando disputou a eleição. Ailton contou que chegou a pedir ao general que gravasse um vídeo de campanha para ele, mas o então candidato a vice-presidente negou alegando motivos particulares.

O ex-major disse, ainda, que a primeira mensagem que enviou a Braga Netto foi enviada de maneira equivocada. No entanto, para buscar se aproximar dele, não quis contrariá-lo, e por isso mandou uma resposta falando em entregar a cabeça de Freire Gomes “aos leões”. “Vamos oferecer a cabeça dele aos leões”, escreveu Ailton na época.

Giancarlo Rodrigues e Marcelo Bormevet

Já Giancarlo Rodrigues e Marcelo Bormevet trabalharam na Abin durante a gestão do hoje deputado Alexandre Ramagem, que foi condenado pela participação no núcleo central. Eles são acusados de promover desinformação contra opositores. Segundo a denúncia, ambos os réus integravam a estrutura da Abin Paralela e utilizaram informações falsas para atacar o sistema de votação eleitoral.

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Segundo a denúncia, Bormevet teria orientado Rodrigues a divulgar falsas alegações contra ministros da Corte: Luiz Fux e Luís Roberto Barroso. Ele teria insistido na busca de supostos vínculos comprometedores contra o então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Já Rodrigues, segundo a PGR, divulgou compartilhou prints de posts no X com ataques e desinformações, inclusive contra membros da Corte.

A defesa de Rodrigues afirmou que a relação dele com Bormevet foi apenas profissional, enquanto os advogados do policial federal negaram a relação entre as atividades dele e o suposto plano de golpe.

Reginaldo Vieira de Abreu, Guilherme Marques Almeida, Angelo Denicoli e Carlos Rocha

O coronel Reginaldo Vieira de Abreu, o tenente-coronel Guilherme Marques Almeida e o major da reserva Angelo Denicoli teriam ajudado a divulgar informações falsas sobre as urnas. A mesma suspeita ocorre contra Carlos Rocha, presidente do Instituto Voto Legal, organização contratada pelo PL e que ajudou a embasar uma ação do partido pedindo anulação de parte dos votos.

Foram reservadas as seguintes sessões para o julgamento do núcleo quatro:

14 de outubro: duas sessões, de manhã e de tarde

15 de outubro: uma sessão, de manhã

21 de outubro: duas sessões de manhã e de tarde

22 de outubro: uma sessão, de manhã