Mundo Tech
Youtuber viraliza ao revelar como funciona a censura em celulares norte-coreanos
Mrwhosetheboss, com 22 milhões de inscritos, detalha as limitações e o rígido controle dos smartphones na Coreia do Norte
Um dos maiores youtubers de tecnologia do mundo, Arum Maini — conhecido como Mrwhosetheboss — teve acesso exclusivo a dois smartphones norte-coreanos, graças a uma parceria com o jornal sul-coreano DailyNK. Os aparelhos analisados foram o Haeyang 701, de custo intermediário, e o Samtaesung 8, cujo nome faz alusão à gigante sul-coreana Samsung. Ambos estão entre os poucos modelos autorizados para uso civil sob o regime da Coreia do Norte.
Curiosamente, enquanto "Samsung" significa "3 estrelas", "Samtaesung" pode ser traduzido como "3 estrelas enormes", numa clara tentativa de afirmar uma suposta superioridade norte-coreana em relação à Coreia do Sul.
No vídeo, Arum demonstra o alcance da censura: ao tentar digitar "Coreia do Sul", antes mesmo de enviar a mensagem, o corretor automático — que não pode ser desativado — substitui o termo por "Puppet State" (Estado fantoche). Em outro exemplo ainda mais rígido, ao digitar "República da Coreia", o texto é automaticamente trocado por dois asteriscos.
Segundo o youtuber, "isso demonstra como o governo norte-coreano está focado em sustentar a narrativa de que a Coreia do Sul é um país 'menor', que apenas segue ordens de nações como os Estados Unidos".
O controle sobre o que é digitado vai além: ao escrever "Kim-Jong Un", nome do líder supremo do país, todas as letras aparecem em negrito. Gírias sul-coreanas também são automaticamente corrigidas para a forma aceita no dialeto norte-coreano.
O acesso à internet é outro ponto crucial destacado por Arum. Não há qualquer possibilidade de acessar a internet global por meio desses aparelhos. No Haeyang 701, o botão de Wi-Fi não possui função; já no Samtaesung 8, ele sequer existe. O que resta aos usuários é acessar a intranet do país, chamada Mirae.
A Mirae oferece apenas notícias, produtos e mídias previamente aprovadas pelo governo. Muitos conteúdos, no entanto, são frutos de pirataria: uma das séries disponíveis, sobre o clube inglês Arsenal, exibe uma marca d’água de uma empresa norte-coreana sobreposta à original, embora se trate da série "All or Nothing: Arsenal", da Amazon Prime.
Nos aplicativos instalados, chama atenção um jogo de futebol em que todos os atletas sul-coreanos foram removidos. O equivalente ao Google Maps mostra apenas a Coreia do Norte. Há ainda um app de apostas esportivas, outro com filmes russos e indianos e diversos guias oficiais, como regulamentos, dicionários jurídicos e um livro intitulado "senso-comum", com artigos como "O que são parentes?" e "Parentes podem se casar?". Para instalar qualquer outro aplicativo, é preciso ir a uma loja oficial, obter autorização e pagar uma licença a cada seis ou doze meses.
O youtuber destacou ainda o aspecto mais preocupante: todos os aparelhos possuem um software inamovível chamado "Red Flag", que só permite a abertura de aplicativos com assinatura digital do governo ou arquivos pessoais. A função considerada mais invasiva por Maini é a de capturar prints de tela periodicamente, sem qualquer notificação ao usuário.
"Me parece que tudo nesses telefones serve para reforçar uma narrativa: a Coreia do Norte é superior, influências externas são perigosas e tudo — absolutamente tudo — que você faz pode e será monitorado", conclui o youtuber.
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