O defensor de direitos humanos e advogado Ruben Melikyan informou à Sputnik que 14 pessoas foram detidas nesta sexta-feira (27), em frente ao prédio do Comitê de Investigação da Armênia, por manifestarem apoio ao arcebispo Mikael Ajapahyan.

"No momento, há oito pessoas detidas em uma delegacia e seis em outra, totalizando 14 pessoas. Não temos informações sobre uma terceira delegacia. As detenções estão sendo feitas de forma completamente injustificada, com base em um artigo do Código Penal", declarou Melikyan.

O advogado esclareceu ainda que as detenções ocorreram por "obstrução de Justiça", sem que houvesse verificação da presença dos detidos no local ou não.

"É mais um caso em que a lei é aplicada ao bel-prazer de uma única pessoa. A Armênia destruiu por completo os instrumentos de um Estado de Direito. Muitos dos que estão aqui hoje nem sequer estiveram em Etchmiadzin [catedral armênia], mas foram detidos por seis horas — e é muito provável que a detenção seja estendida para até 72 horas", prosseguiu.

Mais cedo, agentes do Serviço de Segurança Nacional da Armênia foram até a residência paroquial em Etchmiadzin para prender o arcebispo Mikael Ajapahyan, mas encontraram resistência por parte de fiéis e sacerdotes.

Na sequência, o arcebispo, que havia prometido se apresentar ao Comitê de Investigação, deixou o local. O governo armênio o acusa de tentativa de golpe, mas o religioso afirmou que as acusações são forjadas.

A instituição declarou que sacerdotes e fiéis permanecerão diante dos prédios do Comitê de Investigação e do tribunal em apoio ao arcebispo.

"O clero, junto aos fiéis, estará diante dos prédios do Comitê de Investigação e do tribunal, em apoio ao arcebispo Mikael Ajapahyan. Esperamos uma decisão justa […]."

As tensões entre o governo da Armênia e a Igreja Ortodoxa se intensificaram após o primeiro-ministro Nikol Pashinyan, no fim de maio, publicar nas redes sociais mensagens ofensivas contra a instituição, inclusive com palavrões.

Depois disso, o premiê sugeriu alterar o processo de eleição na igreja, conferindo ao Estado um papel decisivo. O empresário e filantropo Samvel Karapetyan, que saiu em defesa da igreja, foi preso, o que gerou indignação entre muitos membros da diáspora armênia ao redor do mundo.