Internacional
Opositores asilados na Embaixada da Argentina em Caracas denunciam cerco por forças de Maduro
Fontes do Itamaraty indicam que regime chavista quer revogar representação diplomática que Brasil faz da Argentina na capital venezuelana

Opositores do regime do ditador Nicolás Maduro na Venezuela abrigados na embaixada da Argentina em Caracas denunciam que homens encapuzados estão cercando o local, sob custódia do governo brasileiro desde agosto. Dentro do local há seis dissidentes ligados à líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, e fontes do Itamaraty ouvidas pelo GLOBO afirmam que há uma tentativa por parte de Caracas para revogar a autorização para que o Brasil represente os interesses argentinos no país.
“Patrulhas do Sebin (Serviço Nacional Bolivariano de Inteligência) e do DAET (Corpo Nacional Bolivariano de Polícia), juntamente com oficiais encapuzados e armados, cercam e sitiam a Residência Argentina em Caracas, sob custódia e proteção do governo brasileiro. 6 de setembro às 20h30 [horário local]”, relatou na rede X (bloqueada no Brasil) Pedro Urruchurtu, coordenador internacional do Vem Venezuela e integrante da equipe de María Corina Machado e que está asilado na embaixada.
Imagens divulgadas em redes sociais mostram veículos com sirenes ligadas nos arredores do prédio, e um outro aliado de María Corina, Omar Gonzalez Moreno, também asilado na embaixada, afirma que a energia foi cortada.
Depois de cortar as relações diplomáticas com a Venezuela, após a contestada eleição presidencial de 28 de julho, o governo argentino, comandado por Javier Milei, pediu ao Brasil para que representasse seus interesses na Venezuela, e assumisse a custódia da embaixada e da residência do embaixador — os dois locais são custodiados pelo governo brasileiro desde o começo de agosto.
Na ocasião, o presidente, Javier Milei, que tem uma relação tumultuada com o Palácio do Planalto, agradeceu a iniciativa e destacou os "laços de amizade" entre os dois países ao se referir ao Brasil, que teve a bandeira hasteada na sede diplomática no dia 1º de agosto.
"Agradeço enormemente a disposição do Brasil em assumir a custódia da Embaixada argentina na Venezuela. Também agradecemos a representação momentânea dos interesses da República Argentina e dos seus cidadãos", escreveu Milei em uma publicação nas redes sociais, destacando também que "os laços de amizade que unem a Argentina ao Brasil são muito fortes e históricos".
Segundo fontes do Itamaraty, ouvidas pelo GLOBO, há uma tentativa em curso por parte do governo venezuelano para revogar a autorização dada ao Brasil para que represente os interesses argentinos, mas, segundo essas fontes, o Brasil não aceitará tal medida até que seja apontado um outro país para assumir o controle da embaixada e, por consequência, garantir a segurança dos seis opositores.
O governo da Venezuela, que tem trocado farpas com o Palácio do Planalto nas últimas semanas, não se pronunciou.
Horas antes do cerco, a Chancelaria argentina havia emitido um comunicado no qual solicitava ao Tribunal Penal Internacional uma “ordem de prisão contra Maduro e outros líderes do regime venezuelano”.
“Dado o agravamento da situação na República Bolivariana da Venezuela desde 28 de julho passado e a prática de novos atos que podem ser considerados crimes contra a humanidade, a República Argentina insta o Procurador do Tribunal Penal Internacional a solicitar à Câmara de Questões Preliminares a emissão de mandados de prisão contra Nicolás Maduro e outros líderes do regime”, afirmou o pedido, conforme citado pelo jornal La Nación.
Uma eventual entrada das forças de segurança venezuelanas na embaixada argentina, mesmo que sob custódia de um outro país, configuraria uma violação da Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas, que prevê a inviolabilidade de instalações diplomáticas, incluindo embaixadas, consulados e residências de embaixadores. Por isso, como pontuou uma fonte do Itamataty, "não há hipótese de vácuo" — ou seja, se a Venezuela quiser o Brasil fora da representação argentina, outra nação terá que assumir a custódia do local.
(Com La Nación)
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