Internacional
Rússia adia eleições locais em Kursk, área de incursão da Ucrânia, até que seja 'seguro para os eleitores'
Enquanto lida com a maior invasão em território russo desde a Segunda Guerra Mundial, Moscou também anunciou ter ocupado mais uma aldeia no país vizinho
As autoridades eleitorais da Rússia anunciaram nesta quarta-feira que as próximas eleições locais em sete municípios de Kursk, onde tropas ucranianas lançaram uma ofensiva há mais de duas semanas, seriam adiadas até que Moscou recuperasse o controle sobre essas áreas. As votações ocorreriam nos dias 6 a 8 de setembro, mas, segundo a Comissão Eleitoral Central do país, o processo de preparo e realização do pleito só será retomado "com garantias de seguranças para os eleitores".
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O mesmo órgão afirmou que a eleição para governador na região de Kursk prosseguirá como planejada. O governador interino Alexei Smirnov, nomeado pelo presidente Vladimir Putin no início deste ano, concorre como candidato do partido Rússia Unida, publicou o Moscow Times. Nesta segunda, autoridades de Kursk anunciaram um período de votação antecipada entre 28 de agosto e 5 de setembro. O território está entre os poucos onde o voto remoto será permitido este ano.
Citando fontes anônimas do governo russo, o site de notícias independente Vyorkstka publicou no início desta semana que o Kremlin aprovou a decisão de adiar as eleições locais na região de Kursk até 2025. A mesma fonte afirmou que os mandatos de 228 deputados municipais e chefes distritais seriam estendidos por pelo menos mais um ano. Uma das fontes ouvidas pelo portal disse ter ficado claro que "a incerteza territorial em Kursk permanecerá por muito tempo".
— Por que se preocupar com eleições se os eleitos não poderiam gerir e representar efetivamente seus territórios? — disse a fonte ao Vyorkstka.
Um ano atrás, Putin subiu ao palco na região de Kursk para comemorar o 80º aniversário da famosa Batalha de Kursk, um dos momentos mais orgulhosos do Exército soviético na Segunda Guerra Mundial. Nesta sexta-feira, a Rússia se prepara para celebrar o 81º aniversário deste evento, mas com um clima bem diferente. Em 6 de agosto, tropas ucranianas invadiram a região, capturaram vilarejos, fizeram centenas de prisioneiros e forçaram a retirada de dezenas de milhares de civis.
A Rússia foi pega de surpresa pela ofensiva. Quase uma semana após a invasão, Putin foi visto aparentemente desconfortável numa reunião televisionada de seu conselho de segurança. O líder russo interrompeu o governador regional, que listava os assentamentos capturados, e se referiu aos "eventos na região de Kursk" como uma "provocação". A mídia estatal seguiu no mesmo tom, mostrando civis em filas para receber ajuda ou doando sangue, como se a situação fosse um desastre humanitário e não o maior ataque à Rússia desde a Segunda Guerra.
Seis dias após a invasão das tropas da Ucrânia, um alto funcionário da segurança ucraniana disse à AFP que o objetivo era "deslocar as posições do inimigo, infligir o máximo de perdas, desestabilizar a situação na Rússia e transferir a guerra para o território russo". Nas últimas semanas, porém, o Exército russo reivindicou a tomada de uma série de localidades no país vizinho, e nesta quarta-feira disse ter ocupado a aldeia de Zhelanne, situada entre Donetsk e Pokrovsk. Autoridades ucranianas precisaram ordenar a retirada de civis da região.
Na semana passada, o conselheiro presidencial ucraniano Mikhailo Podolyak disse que "a Ucrânia não tem a intenção de ocupar territórios russos", mas que controlar esses locais pode servir para forçar a Rússia a negociar. Trata-se de "uma jogada para trocar, se necessário, a área conquistada por outros territórios ucranianos" tomados pela Rússia, disse à AFP Pierre Razoux, diretor acadêmico da Fundação Mediterrânea de Estudos Estratégicos (FMES), um centro de reflexão na França.
Tribunal Penal Internacional
Também nesta quarta-feira, o Parlamento da Ucrânia aprovou a adesão do país ao Tribunal Penal Internacional (TPI), com a esperança de punir a Rússia por supostos crimes de guerra cometidos em seu território. Após anos de atrasos e da oposição dos militares, 281 deputados votaram a favor da ratificação do Estatuto de Roma, o tratado de fundação do TPI, anunciaram vários parlamentares nas redes sociais. Segundo a deputada Yevheniya Kravchuk, a decisão aumentará as "possibilidades de condenar os russos e intensificará o isolamento da Rússia". (Com AFP)
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