Internacional
Intelectuais cobram, em carta, reconhecimento de Edmundo González como vencedor de eleição presidencial na Venezuela
Autores questionam legitimidade do processo eleitoral e dos resultados apresentados pelo Conselho Nacional Eleitoral no final de julho
Um grupo de intelectuais publicou uma carta nesta quarta-feira, no jornal britânico Financial Times, defendendo o reconhecimento de Edmundo González como o vencedor da eleição presidencial na Venezuela, no dia 28 de julho. No texto, assinado por 10 pensadores, incluindo F rancis Fukuyama, autor de "O Fim da História", e Steven Levitsky, autor de "Como as Democracias Morrem", eles condenam a repressão do regime aos oposicionistas, e questionam a legitimidade dos resultados oficiais.
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A carta cita um estudo internacional e independente que, com base nas atas obtidas e divulgadas pela oposição, González recebeu 66% dos votos, contra 31% de Maduro — pelos numeros do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), divulgados já no domingo, Maduro recebeu 51,2% dos votos, enquanto o candidato oposicionista teve 44%.
“Isso levanta questões fundamentais sobre a integridade do processo eleitoral e a legitimidade dos resultados. Reações de organizações internacionais com ampla experiência em observação eleitoral têm sido inequívocas”, afirma a carta, citando algumas das reações externas, em seus diferentes graus de intensidade.
Os autores destacam que a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Centro Carter — única organização internacional independente a acompanhar o pleito, mas que deixou o país antes de divulgar seu relatório — condenaram o processo eleitoral, e que países como Argentina, Chile, Peru e Uruguai se recusaram a aceitar os resultados.
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Ao falar de Brasil, México e Colômbia, o texto afirma que eles “divulgaram uma declaração oficial pedindo às autoridades venezuelanas que publiquem todas a atas de votação”: os três países têm agido nos bastidores para garantir a divulgação dos documentos o quanto antes, ao mesmo tempo em que tentam manter abertos os canais de diálogo com Caracas.
“A democracia na Venezuela está sitiada há muito tempo, e as eleições recentes levaram essa crise ao ápice”, afirma a carta. “A comunidade internacional deve ficar ao lado do povo da Venezuela, reconhecer a vitória de González como um reflexo de sua verdadeira vontade e fazer o máximo para promover uma transição pacífica e democrática.”
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A carta, assinada também por Maria Hermínia Tavares, da Universidade de São Paulo, Kati Marton, ex-presidente da Comissão para a Proteção de Jornalistas, e Matias Spektor, da Fundação Getúlio Vargas, foi mais um elemento de pressão isobre o processo eleitoral, que recai também sobre o Brasil.
Na segunda-feira, um grupo de 30 ex-líderes da América Latina e Espanha pediu ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva que reafirme seu "inquestionável compromisso com a democracia e a liberdade, as mesmas de que usufruem seu povo, e a fazê-la prevalecer também na Venezuela".
“Admitir tal precedente ferirá mortalmente os esforços que continuam a ser feitos com tanto sacrifício nas Américas para defender a tríade da democracia, do Estado e dos direitos humanos. Não exigimos nada diferente do que o próprio presidente Lula da Silva preserva em seu país”, diz o texto. Os ex-líderes fazem parte da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (IDEA). Nenhum ex-presidente do Brasil assinou o documento. Entre os signatários, estão Maurício Macri, da Argentina; Mario Abdo, do Paraguai; Felipe Calderón, do México; e André Pastrana, da Colômbia.
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