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Teorias da conspiração proliferam nas redes depois de atentado contra Trump

Postagens que acumularam milhões de visualizações sugeriam, de um lado, que ataque era 'encenação' e, de outro, que Biden e até a CIA estavam por trás do episódio

Agência O Globo - GLOBO 15/07/2024
Teorias da conspiração proliferam nas redes depois de atentado contra Trump

Os detalhes sobre o atentado na Pensilvânia que teve como alvo o ex-presidente Donald Trump ainda estavam sendo apurados quando teorias da conspiração começaram rapidamente a se espalhar pelas redes sociais, algumas atingindo milhões de visualizações em pouco tempo.

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Na Truth Social, plataforma criada por Trump e popular entre conservadores, logo pipocaram memes que sugeriam que o presidente Joe Biden ou Hillary Clinton estariam por trás do ataque no comício republicano deste sábado, reportou o The New York Times. Fotos do ex-mandatário com sangue no rosto e o punho erguido também se proliferaram, assim como comentários de apoiadores de Trump que inflavam uma reação ao episódio.

A rede social foi usada pelo ex-presidente em suas primeiras manifestações depois do ataque. Algumas horas após a tentativa de assassinato, ele escreveu: "Nada se sabe neste momento sobre o atirador, que agora está morto". No domingo, disse que era preciso "unir a América".

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Em meio a questionamentos legítimos de usuários sobre as falhas de segurança que permitiram o atentado, as teses conspiratórias eram amplificadas por acusações de aliados de Trump.

O congressista republicano Mike Collins, do estado da Geórgia, sugeriu que o promotor público do Butler, na Pensilvânia, deveria "imediatamente apresentar acusações contra Joseph R. Biden por incitar um assassinato”. O senador Rick Scott, que concorre para ser o próximo líder republicano do Senado, escreveu que este não era um "incidente infeliz”, mas "uma tentativa de assassinato por um louco inspirado pela retórica da esquerda radical.”

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No X, uma das palavras em alta após o atentado era "encenado", como destacou a correspondente de desinformação e mídia social da rede britânica BBC Marianna Spring, . A palavra era usada em postagens que questionavam a legitimidade do ataque, em muitos casos compartilhadas por usuários com selo de verificação - que pagam pela conta no X e que tendem a ter mais alcance na plataforma.

Parte dos rumores sem fundamento de que o atentado teria sido uma encenação apontavam que a fotografia de Trump, ao ser retirado do palco com punho erguido, era "perfeita demais".

Já apoiadores de Trump adeptos de teorias como o QAnon, que sugere que o republicano trava uma guerra secreta contra pedófilos, usavam o X para reforçar suas teses: “Este é o preço que você paga quando derruba os pedófilos satânicos da elite", escreveu um deles.

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Uma postagem vista por 4,7 milhões de vezes no X, sugeria, sem nenhum fundamento, que havia uma “ordem” para o assassinato “provavelmente veio da CIA”, relatou à BBC. As conspirações apontavam ainda para um envolvimento de figuras como Barack Obama e o ex-vice-presidente Mike Pence no episódio.

Usuários chegaram a alegar também que o atirador fazia parte de um grupo de extrema esquerda ou que estaria agindo em nome de pessoas transgêneros. Nenhuma dessas publicações forneceu evidências de suas teorias.

Em outras grandes plataformas de mídia social, a reação ao atentado pareceu ser melhor endereçada, segundo a imprensa americana. O YouTube exibiu clipes de notícias e direcionou os resultados de busca principalmente para veículos. Já Threads chegou a exibir postagens conspiratórias no topo de seu recurso de tópicos mais discutidos, mas elas não apareceram com tanta consistência como no X.