Internacional
Coreia do Norte anuncia lançamento de mísseis com 'ogivas supergrandes'; Seul sugere que teste foi um fracasso
Especialistas afirmam que modelo citado pela imprensa norte-coreana poderia, em teoria, levar armas nucleares

A Coreia do Norte anunciou a realização de testes com dois mísseis balísticos capazes de transportar uma “ogiva supergrande”, atingindo alvos a curta e média distância, de acordo com a imprensa oficial, no que seria mais uma demonstração de força do regime norte-coreano, em um cenário cada vez mais tenso na região.
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Em nota, a agência estatal KCNA afirmou que dois mísseis do modelo Hwasong-11C-4.5, equipados com ogivas de treinamento de 4,5 toneladas, foram lançados “ com o objetivo de confirmar a estabilidade do voo e a precisão do acerto de um alcance máximo de 500 km e um alcance mínimo de 90 km”. A autoridade responsável pelo desenvolvimento dos mísseis afirmou que um novo teste, desta vez com alcance estimado de 250 km, deve acontecer ainda em julho, sem dar datas.
“Os testes de novos sistemas de armas fazem parte das atividades normais da Direção Geral de Mísseis da República Popular Democrática da Coreia e dos seus Institutos de Pesquisa de Defesa afiliados”, diz a KCNA.
Segundo o site NK News, o teste foi o primeiro desse modelo desde setembro de 2022, mas pela primeira vez ocorreu com uma ogiva tão pesada — naquele ano, o Hwasong-11C foi lançado com uma carga de 2,5 toneladas, e as autoridades locais afirmam que ele é capaz de levar uma ogiva nuclear. Um modelo menor, o Hwasong-11A, teria sido exportado recentemente para a Rússia, de a cordo com as inteligências de EUA e Coreia do Sul, mas Moscou e Pyongyang negam.
O anúncio norte-coreano foi recebido com ceticismo na Coreia do Sul. As Forças Armadas do país dizem ter detectado dois lançamentos de mísseis, que voaram por 600 km e 120 km — no caso do segundo míssil, os militares suspeitam que ele tenha caído nos arredores de Pyongyang, e que tenha ocorrido uma falha no teste.
— É extremamente raro realizar um teste desse tipo em terra, e existe uma possibilidade alta de que as alegações de sucesso tenham sido uma mentira — disse, em entrevista coletiva, o Lee Sung-jun, porta-voz do Comando do Estado-Maior Conjunto. Normalmente, mísseis lançados em testes do tipo são programados para cair no mar.
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Na semana passada, os sul-coreanos também afirmaram que um teste com um míssil capaz de levar várias ogivas também havia sido um fracasso, apesar da imprensa norte-coreana classificar o lançamento como um sucesso.
O desenvolvimento das “ogivas supergrandes” foi ordenado pelo líder do país, Kim Jong-un, em 2021, durante o 8º Congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, e apontado como um objetivo central do plano de defesa nacional do país. Embora o comunicado oficial tenha omitido a palavra “nuclear”, especialistas afirmam que, teoricamente, o Hwasong-11C-4.5 poderia levar uma ogiva atômica — segundo a Associação para o Controle de Armas, a Coreia do Norte tem 50 ogivas nucleares, e material para fabricar outras 70.
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A série de testes ocorre em um dos momentos mais delicados na Península Coreana em muitos anos. No começo do ano, Kim Jong-un declarou que iria abandonar todos os esforços pela reunificação das Coreias, e apontou Seul “seu maior inimigo”. Com um governo pouco disposto ao diálogo na Coreia do Sul, as relações estão basicamente congeladas, e os dois lados retomaram atos de provocação, como os lançamentos de balões com pendrives, propaganda contra o regime e notas de dólar para o Norte, e balões com lixo e excrementos para o Sul.
A relação próxima de Pyongyang com a Rússia é um elemento a mais de tensão. Desde o início da guerra na Ucrânia, os norte-coreanos servem como uma linha de apoio para os russos, fornecendo desde munições e armas leves até mísseis de curto alcance. Em troca, garantem um fornecimento de insumos básicos, commodities, incluindo petróleo, e dinheiro, ignorando sanções internacionais. No dia 18 de junho, o presidente russo, Vladimir Putin, viajou ao país e firmou um pacto de segurança, que prevê apoio mútuo em caso de agressão militar, mas cujos termos são menos claros do que tratados similares firmados entre outros países.
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O Sul, por sua vez, também tem reforçado seus arsenais — o país tem um programa avançado de desenvolvimento de mísseis, que inclui ogivas de alta capacidade, e em 2023 assinou um contrato para a compra de mais 20 caças do modelo F-35A, de fabricação americana, se somando à frota atual de 39 aeronaves do tipo. No final de junho, Seul participou de exercícios militares ao lado de Japão e Estados Unidos, manobras chamadas pela Coreia do Norte de tentativa de criação de uma “ Otan asiática”, referência à principal aliança militar do Ocidente, liderada pelos EUA.
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