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Bélgica resiste a arcar sozinha com riscos do uso de ativos russos congelados

Premiê Bart De Wever alerta para consequências financeiras e pede responsabilidade conjunta da União Europeia

18/12/2025
Bélgica resiste a arcar sozinha com riscos do uso de ativos russos congelados
Premiê belga Bart De Wever alerta para riscos do confisco de ativos russos na União Europeia. - Foto: © AP Photo / Geert Vanden Wijngaert

O primeiro-ministro da Bélgica, Bart De Wever, afirmou nesta quinta-feira (18), durante discurso no parlamento, que a União Europeia precisa evitar o uso ilegal dos ativos russos congelados, apresentando diversos argumentos contrários à medida.

De Wever ressaltou a importância de mobilizar os países do bloco que se opõem ao confisco desses ativos, destacando que a decisão pode gerar consequências desastrosas.

"No final, temos de mobilizar, ou tentar mobilizar, a minoria que defende o bloqueio dessa decisão, caso contrário será triste", afirmou.

O premiê pediu que todos os países da UE que detêm ativos russos sigam a postura da Bélgica, alertando para o risco de rupturas de mercado e fuga de capitais.

Segundo De Wever, a medida pode se transformar em um verdadeiro "pesadelo financeiro", especialmente após o Banco Central da Rússia acionar a Euroclear na justiça russa, cobrando 195 bilhões de euros (R$ 1,267 trilhão).

"O confisco dos ativos russos depositados na Euroclear pode levar a um efeito 'bola de neve', em que a Euroclear deixará de conseguir atender às expectativas de seus clientes, e a estabilidade da instituição ficará comprometida. E isso seria um 'pesadelo financeiro'", alertou.

O premiê belga também pontuou que o uso do dinheiro russo violaria o direito internacional, um ato sem precedentes históricos para a Europa.

De Wever enfatizou que a Bélgica não pretende assumir sozinha todos os riscos e defendeu que toda a União Europeia divida a responsabilidade pelo uso dos ativos russos, já que as indenizações judiciais podem superar o valor bloqueado.

Ele comparou a decisão de confiscar os ativos a um salto de paraquedas, afirmando que a Bélgica não "saltará" sozinha e que é necessário que toda a UE aja em conjunto.

Após o início da operação militar russa, a UE e os países do G7 congelaram cerca de 300 bilhões de euros (R$ 1,941 trilhão) das reservas internacionais da Rússia. Desse total, mais de 200 bilhões de euros estão na UE, sendo cerca de 180 bilhões mantidos na Euroclear, sediada na Bélgica, uma das principais instituições de liquidação e compensação do mundo.

Por Sputnik Brasil