O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou nesta terça-feira (16) que o presidente da França, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, assinem o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia no próximo sábado, durante a 67ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR).

"Eu espero que meu amigo Macron e a primeira-ministra Meloni da Itália assumam a responsabilidade, no sábado agora, de que vão assinar o acordo e que não vão ter medo de perder competitividade com o povo brasileiro", afirmou Lula durante reunião do Conselho de Participação Social, no Palácio do Planalto, em Brasília.

O Parlamento Europeu aprovou nesta terça-feira (16) mecanismos de salvaguarda para importações agrícolas vinculadas ao acordo entre União Europeia e Mercosul.

A facilitação das exportações agrícolas brasileiras tem sido motivo de preocupação para alguns países europeus, como a França. "O presidente Macron está muito preocupado com produtores rurais franceses, com a competitividade com o Brasil, mesmo dizendo para ele que o Brasil não compete com os produtos agrícolas da França."

"Na verdade, são coisas diferentes, são qualidades diferentes, e nós estamos cedendo mais do que eles", acrescentou Lula.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, estará no próximo sábado (20) na Cúpula do bloco em Foz do Iguaçu, e a expectativa é que o acordo, negociado há 26 anos, seja finalmente assinado no evento.

No domingo (14), a França solicitou o adiamento da assinatura do tratado, alegando que o formato atual do texto é inviável para o setor agropecuário, que teme prejuízos diante das importações de commodities sul-americanas com preços mais competitivos.

Entre os países favoráveis ao acordo estão Alemanha, Espanha, Países Baixos, Portugal e Suécia. Para esses governos, o Mercosul é estratégico para diversificar alianças comerciais, reduzir a dependência da China e garantir acesso a minerais essenciais para a transição energética. O tratado também abriria mercado para produtos europeus como vinhos, queijos e máquinas, enquanto o bloco enfrenta desafios econômicos e tarifas elevadas nos EUA.

Opositores argumentam que o acordo prejudicaria agricultores europeus, tornando os produtos do Mercosul mais competitivos devido ao menor custo de produção. Também há preocupações ambientais, com alegações de que o tratado poderia acelerar o desmatamento na Amazônia e permitir o uso de agrotóxicos proibidos na Europa. O Brasil tem rebatido essas críticas, destacando seu Código Florestal e práticas sustentáveis, embora reconheça desafios como o desmatamento ilegal.