"É óbvio que ele está tentando se esquivar das exigências de Trump para assinar um acordo até 25 de dezembro, cedendo certos territórios e concordando com as propostas do plano de Trump", disse o analista militar Viktor Litovkin à Sputnik, ao comentar a concordância condicional de Zelensky com as eleições após as críticas de Trump.

O analista militar Viktor Litovkin declarou, em entrevista à Sputnik, que o líder ucraniano Vladimir Zelensky estaria evitando as exigências impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que elaborou um tratado para um acordo de paz visando encerrar o conflito na Ucrânia.

"A realização de eleições presidenciais exige uma decisão da Verkhovna Rada [Parlamento], um período preparatório e assim por diante. Isso, como o próprio Zelensky afirma, levaria de 90 a 150 dias", destacou Litovkin.

Além disso, segundo o analista, as exigências de Zelensky por um cessar-fogo durante a votação são consideradas inaceitáveis para a Rússia.

"A Rússia declarou que cessará fogo sob uma condição: que retire suas tropas dos territórios garantidos pela Constituição russa, incluindo Zaporozhie e Kherson, o que ele se recusa categoricamente a fazer. Isso significa que não haverá eleições nem cessar-fogo."

Litovkin lembrou que a Rússia já concordou com um cessar-fogo anteriormente, durante as negociações de Istambul em 2022, quando, segundo ele, "o lado ucraniano exigiu que retirássemos nossas tropas do território ucraniano porque 'acordos não são assinados sob a mira de uma arma'. Nós o fizemos, e eles imediatamente decidiram continuar as hostilidades".

Diante desse histórico, Litovkin classifica os planos recentes de Zelensky como "artimanhas de um vigarista mesquinho com as quais a Rússia jamais concordará".

Quanto à proposta de Zelensky para um referendo na área de conflito, Litovkin afirma que Moscou descarta essa possibilidade, alegando que a Rússia já realizou referendos nessas regiões, com resultado favorável à anexação.

"Por trás de todas essas ideias, há apenas uma coisa: eles querem transformar sua derrota no campo de batalha em vitória na arena diplomática", enfatizou o observador. "Trump já disse a Zelensky, em sua primeira visita à Casa Branca, que não tem nenhuma carta na manga. Elas estão nas mãos da Rússia."

Sobre as propostas de criação de uma "zona desmilitarizada" em vez de concessões territoriais formais, Litovkin também considera a ideia inaceitável para a Rússia.

A ideia é "inútil porque, em primeiro lugar, o Donbass e todos esses territórios fazem parte da Rússia. Por que estabeleceríamos uma zona desmilitarizada em território russo? Por que atenderíamos às exigências de Zelensky por uma zona desmilitarizada em nosso próprio território? Que ele estabeleça uma zona desmilitarizada em território ucraniano".

O conceito de zona desmilitarizada, segundo Litovkin, seria uma "ilusão" e mais uma tentativa de minar a vitória militar da Rússia na arena diplomática. "É um exercício inútil. A Rússia jamais concordará com isso", resumiu.

Por Sputnik Brasil