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Itália amplia gastos de defesa após reclassificação bilionária contestada
Economistas questionam transparência do governo italiano ao elevar orçamento militar para cumprir meta da OTAN.
A Itália ampliou seus gastos de defesa para 2% do PIB ao reclassificar € 14 bilhões em despesas, incluindo pensões e custos de defesa. A mudança, criticada por economistas pela falta de transparência, foi aceita pela OTAN, que considerou os números compatíveis com suas diretrizes.
A alteração na definição de gasto com defesa permitiu ao governo italiano aumentar o orçamento do setor em € 14 bilhões (cerca de R$ 88,9 bilhões) neste ano. No entanto, segundo o economista Carlo Cottarelli, ouvido pelo Defense News, não foram detalhados os critérios dessa reclassificação. Ele afirma que, no papel, o gasto subiu de 1,5% do PIB em 2024 para 2% em 2025, sem explicações claras.
O compromisso de atingir o patamar de 2% foi assumido em abril, atendendo pela primeira vez à meta estabelecida pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em 2014. A medida foi anunciada antes da conferência da aliança em junho, quando os membros concordaram em elevar novamente os gastos para 3,5% do PIB até 2035.
Os primeiros detalhes da estratégia italiana só foram divulgados em outubro, após atraso na publicação do orçamento de defesa de 2025. O documento prevê € 31,3 bilhões (mais de R$ 198,7 bilhões) em gastos diretos, alta de 7,2%, mas indica que outras despesas seriam reclassificadas como defesa.
Entre os itens incorporados estão gastos com pensões, orçamentos que receberão "foco mais militar" e projetos de cooperação militar. Com essas inclusões, o total oficial sobe para € 45,3 bilhões (aproximadamente R$ 287,5 bilhões), suficiente para atingir a meta de 2% do PIB.
Cottarelli cita ainda declarações do ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, que afirmou que a meta inclui despesas da Polícia Tributária, da Guarda Costeira e investimentos em defesa espacial e cibernética. Para o economista, porém, os detalhes são insuficientes e não está claro quais gastos foram reinterpretados como militares.
Ele ressalta que nenhuma nova informação foi divulgada desde seu relatório, e que o Ministério da Defesa italiano não respondeu aos pedidos de esclarecimento da imprensa. Segundo Cottarelli, a falta de transparência impede avaliar se o aumento reflete maior segurança real ou apenas ajustes contábeis.
Apesar das críticas, um oficial da OTAN afirmou que a aliança está satisfeita com a reclassificação, destacando que os números italianos seguem a definição adotada pela organização.
Com informações de Sputinik Brasil
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